Filarmónica do Faial celebra 130 anos
A mais antiga da costa norte assinala legado histórico
A Filarmónica do Faial vai assinalar, amanhã, 130 anos de história e dedicação à música filarmónica, consolidando-se como a banda mais antiga de toda a costa norte. Com uma presença contínua desde a sua fundação, a associação tem sido, ao longo de três décadas, um verdadeiro símbolo de tradição, identidade e cultura local.
Hoje, a instituição conta com cerca de 50 executantes e 25 aprendizes, que dão continuidade ao projecto original da ‘Banda Filarmónica Recreio União Faialense’, mantendo vivo o nome fundacional. Pioneira no concelho de Santana e em grande parte da Madeira, a banda foi a introdutora e principal divulgadora do género filarmónico numa época em que a freguesia vivia isolada, sem estradas e dependente da via marítima ou dos caminhos reais para o Funchal. “O surgimento desta associação, em 1895, foi um acto de ousadia e visão, num tempo em que a geografia e a dispersão populacional tornavam qualquer iniciativa cultural um verdadeiro desafio”, sublinha Manuel Luís Andrade, presidente da direcção da banda.
A criação da banda remonta a 1 de Dezembro de 1895, graças a faialenses como Joaquim Francisco de Freitas, João Xavier de Freitas, Dr. João Albino Rodrigues de Sousa, Dr. João Catanho Menezes, Júlio Teixeira Marques Barcelos e Catanho e Mendonça. Desde então, a filarmónica nunca fechou portas, mesmo enfrentando dificuldades ao longo das décadas. “A permanência desta instituição no tempo é prova do empenho da comunidade e da paixão pela música”, acrescenta Manuel Luís Andrade.
Ao longo da sua história, a banda tornou-se a instituição cultural mais antiga do concelho de Santana, representando a comunidade local e a diáspora. O hino da filarmónica, composto pelo primeiro maestro, sargento Della Nave, mantém-se como símbolo de identidade dos habitantes e emigrantes. A população das freguesias do Faial, S. Roque do Faial e Porto da Cruz sempre foi o principal suporte da associação, fornecendo músicos que continuam a integrar a banda actualmente.
Entre os marcos históricos da filarmónica destacam-se a redenominação e criação de estatutos em 1987, promovida por José de Nóbrega, António Candelária e Rui Abreu, bem como diversas deslocações internacionais e inter-ilhas. Entre estas figuram visitas à diáspora faialense e madeirense — Venezuela (2001) e Londres (2011) — e deslocações aos Açores — S. Miguel (1995, por ocasião do 1.º centenário), Graciosa (2023) e à Sertã (2025). “Cada viagem, cada concerto fora da ilha ou da freguesia, reforça a nossa missão de levar a música filarmónica e a cultura local a todos os cantos”, explica Manuel Luís Andrade.
Ao celebrar 130 anos, a Filarmónica do Faial revisita toda a sua história e homenageia todas as pessoas que dela fizeram parte. “Não haverá família na freguesia que não tenha, de alguma forma, cruzado a banda ao longo destes 130 anos”, afirma o presidente da direcção. Para ele, este é um legado que continua a ser cultivado com dedicação e paixão, “uma herança que procuramos preservar e transmitir às novas gerações, mantendo viva a identidade cultural da comunidade”.
As comemorações oficiais terão lugar no próximo domingo, 7 de Dezembro, reunindo músicos, familiares e a comunidade que acompanha a banda há gerações, num evento que promete celebrar a história, a tradição e o papel cultural da Filarmónica do Faial.