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Eurodeputada Isabel Santos considera "realista" adesão da Albânia à UE em 2030

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Foto Global Imagens

A eurodeputada portuguesa Isabel Santos considera que o horizonte de 2030 é "realista" para a adesão da Albânia à União Europeia, desde que o país prossiga o ritmo de reformas e o bloco comunitário também faça a sua parte.

Em declarações à agência Lusa por telefone desde Tirana, onde hoje concluiu uma visita de dois dias, naquela que foi a última missão de acompanhamento do processo de adesão deste país dos Balcãs Ocidentais à União Europeia (UE) do atual mandato, Isabel Santos (Partido Socialista), relatora do Parlamento Europeu para a Albânia, sublinhou a importância de as partes aproveitarem o atual "momento de ampla abertura ao alargamento", motivado também pela nova realidade geopolítica.

Destacando a "grande capacidade de resposta do país", não só a nível político, mas também técnico, na implementação das reformas exigidas para a adesão, "a mais reconhecida das quais a reforma do sistema judicial, assim como as medidas que têm sido tomadas em matéria de combate à corrupção", a deputada socialista considera que a Albânia "tem respondido às exigências da UE".

"Agora, é preciso não desmobilizar e continuar neste ritmo, progredindo nas reformas, aprofundando aquelas que já foram feitas, mas também avançando para reformas mais profundas, ao nível da administração pública, ao nível da economia, de forma a que se possam concluir as diferentes etapas, e o país possa concluir o processo de adesão o mais rapidamente possível. Foi essa a mensagem que, enquanto relatora para a Albânia, quis deixar claramente", declarou.

Segundo a eurodeputada, é fundamental um "amplo consenso entre todos os intervenientes políticos, de forma a que o país se mobilize para aquilo que é essencial e deixe de lado algumas pequenas questiúnculas políticas internas", tendo "consciência de que, neste momento, o alargamento assume uma dimensão geopolítica renovada" na UE, face ao conflito na Ucrânia e ao interesse da UE nos Balcãs Ocidentais, também na ótica de contrariar um movimento de "crescente influência de outros atores que não partilham os valores europeus".

Questionada sobre quando poderá a Albânia aderir efetivamente à UE, Isabel Santos reconheceu que "é muito difícil neste momento" apontar uma data, até porque vai haver um novo ciclo na UE e nas suas instituições com a realização das eleições europeias de junho, mas lembrou que no último relatório sobre a situação na Albânia foi avançada a data de 2030, que julga exequível.

"Alguns dizem que é uma meta exageradamente otimista, outros não. Eu tenho-a como uma meta realista, desde que o país responda, e a UE também tenha capacidade de resposta para aquelas reformas que a própria UE tem de fazer", afirmou, apontando designadamente a necessidade de preparar novos alargamento com outros mecanismos de tomada de decisão e novas formas de financiamento.

"Nós próprios também temos de fazer o nosso trabalho de casa, e espero que nós também possamos concluir essas tarefas até 2030. Esperemos que, chegando a 2030, ambos os lados possam dizer: 'estamos preparados'. Isso é muito importante", disse, advertindo para os riscos de se replicar na Albânia, "o país mais pró-europeu de todos os Balcãs Ocidentais", o que sucedeu noutros países candidatos, onde cresceu um "certo euroceticismo" face ao arrastar dos processos.

Isabel Santos insistiu que é necessário aproveitar "esta dinâmica dos últimos tempos, muito favorável ao alargamento", e fundamental "que não se inverta o caminho percorrido, porque isso seria muito mau em termos de defesa do interesse geopolítico da UE".

A Albânia viu ser-lhe atribuído o estatuto de país candidato à UE em 2014, mas as negociações foram formalmente abertas apenas em 2022.

Não tendo a questão do polémico acordo migratório entre Albânia e Itália feito parte da agenda de trabalhos em Tirana, a eurodeputada portuguesa disse à Lusa que, "em contacto com diferentes interlocutores", teve oportunidade de expressar a sua "opinião desfavorável" à criação de dois centros de acolhimento em território albanês para migrantes resgatados em águas italianas.

"A Itália está a usar a Albânia para não assumir plenamente as suas responsabilidades (...). Entendo perfeitamente que a Itália precisa de um apoio solidário, mas esse apoio solidário não pode significar uma externalização das suas responsabilidades", disse, considerando que tal tem "tudo a ver com as políticas da senhora [primeira-ministra, Giorgia] Meloni e do senhor [vice-primeiro-ministro Matteo] Salvini e com as suas motivações, que não são propriamente as mais edificantes, nem de acordo com os valores da UE".