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Arranque debates com Pedro Nuno Santos e Rui Rocha

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O secretário-geral do PS considerou hoje que a Iniciativa Liberal propõe "magia fiscal", "aventura" que conduziria o país à austeridade, enquanto o líder da IL acusou os socialistas de pretenderem "mais do mesmo" na economia ou saúde.

Esta troca de críticas entre Pedro Nuno Santos e Rui Rocha aconteceu na SIC, no primeiro debate entre líderes de partidos com assento parlamentar antes das eleições legislativas antecipadas de 10 de março.

Num dos primeiros temas do frente-a-frente, o da economia, o líder socialista pegou nas propostas de choque fiscal defendidas pela IL, dizendo que, se fossem concretizadas, representariam menos cerca de nove mil milhões de euros em receitas do Estado, o que criaria "um rombo" nas contas públicas.

"A IL propõe-nos uma redução radical e aventureira dos impostos. Não sei se a IL fez as contas", afirmou, mas foi ainda mais longe neste ponto: "A IL que se quer apresentar como responsável, que sabe fazer contas, sabe de economia, claramente não sabe quanto é que custa o seu próprio programa eleitoral, Fizemos as contas. São nove mil milhões de euros por ano".

"É falso, é falso", reagiu o presidente da IL.

Depois de pedidos de Pedro Nuno Santos para que clarificasse o custo dessa redução de impostos, que caracterizou como "magia fiscal", Rui Rocha rejeitou o custo apontado pelo seu adversário no debate. Mais à frente, contrapôs que a diminuição estimada de receita seria na ordem dos "quatro a cinco mil milhões de euros" por ano.

"Aventureiro é quem insiste em soluções iguais", reagiu o líder liberal, apontando, neste contexto, dados segundo os quais o desemprego jovem atinge os 23%. O presidente da IL sustentou também que os cidadãos dos escalões etários mais novos são forçados a emigrar num país com uma carga fiscal muito elevada.

Além de procurar conotar o líder socialista com uma visão em que o Estado dirige a economia, tendo como base a proposta do PS de o Estado ser mais seletivo na concessão de apoios públicos às empresas, o presidente da IL justificou a viabilidade da sua medida de redução fiscal, sem atingir o equilíbrio das contas públicas, com a reativação da economia.

"O Estado, neste momento, em 2024, tem uma despesa de 123 mil milhões de euros. Se o Estado tiver que reduzir 3% ou 4% daquilo que é a sua despesa atual para por uma vez aliviar as famílias e não terem de escolher se cortam na educação dos filhos, na saúde ou na alimentação, chegou o momento de o fazer", alegou.

Pedro Nuno Santos e Rui Rocha voltaram a apresentar visões opostas, na segunda parte do debate, sobre saúde, com o secretário-geral do PS a admitir problemas no SNS e defender a sua reforma, mas não um desinvestimento a favor de contratualização com o setor privado -- perspetiva que atribuiu aos liberais.

"Querem um rombo nas contas públicas e depois ainda querem passar cheques", comentou, dirigindo-se a Rui Rocha.

Rui Rocha contra-atacou com episódios em que cidadãos idosos estão horas de madrugada em filas para marcar uma consulta num centro de saúde, ou de grávidas que encontram o seu serviço de urgência encerrado, factos que, segundo ele, provam que o atual modelo não funciona.

Defendeu que países com governos liberais têm boas soluções para a saúde e que, no caso de insuficiência de resposta por parte do Estado, deverão ser contratualizados serviços no privado ou no setor social.

Já na parte final do debate, quando o secretário-geral do PS não dispunha de tempo para responder, o presidente da IL acusou Pedro Nuno Santos de ter falhado e sido "incompetente" enquanto ministro que tutelou os setores da habitação e das infraestruturas, falando na injeção de 3,2 mil milhões de euros na TAP "sem retorno para os contribuintes" e de não ter feito avanços em novos troços ferroviários.

O frente-a-frente na SIC abriu com a questão do novo Governo Regional dos Açores, com o secretário-geral do PS a remeter uma vez mais para os órgãos socialistas na região autónoma a decisão se viabilizam ou não o programa do futuro executivo liderado por José Manuel Bolieiro.

Este argumento da autonomia regional das forças políticas açorianas também foi invocado por Rui Rocha em relação à estratégia a seguir pela IL dos Açores perante o futuro Governo da coligação PSD/CDS-PP/PPM.

Também na abertura do debate, Pedro Nuno Santos acusou elementos da IL e do Chega de estarem a difundir factos falsos sobre ajudas de custo de deslocação que recebeu enquanto deputado do PS até 2015 e sobre o pagamento de Imposto Municipal sobre Imóveis.

 "Sou sério e sou sério na relação com os meus adversários políticos. Se nós quisermos ter um debate democrático com elevação devemos respeitar os nossos adversários e não explorar mentiras sobre os outros porque nos dá jeito" disse. Na réplica, Rui Rocha disse não ter nada a comentar sobre esses dois assuntos.