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Turismo Madeira

Encargos com pessoal na hotelaria deverão aumentar

Falta de mão-de-obra local obriga a contratação no estrangeiro

Mesa-redonda 'Evolução e Inovação na Hotelaria: Da História à Visão de futuro na Madeira e no País'
Mesa-redonda 'Evolução e Inovação na Hotelaria: Da História à Visão de futuro na Madeira e no País', Fotos Miguel Espada / ASPRESS

34.º Congresso Nacional da Hotelaria e do Turismo deu palco a quatro hoteleiros da Madeira para abordar desafios do sector

A falta de mão-de-obra nos sectores da hotelaria e do turismo foi uma das questões em destaque no 34.º Congresso Nacional da Hotelaria e do Turismo, que decorreu durante três dias na cidade do Funchal. 

A primeira ronda de trabalhos aconteceu na quarta-feira, 21 de Fevereiro, e deu palco a quatro hoteleiros da Madeira que exploraram o panorama actual do sector, na mesa-redonda 'Evolução e Inovação na Hotelaria: Da História à Visão de futuro na Madeira e no País'.

Durante uma conversa moderada pela jornalista Maria João Avillez, o CEO do Pestana Hotels, Dionísio Pestana, o CEO do grupo PortoBay Hotels & Resorts, António Trindade, o administrador da Savoy Signature, Ricardo Farinha, e a CEO do Dorisol Hotels, Filipa Jardim Fernandes, apontaram duas soluções para combater a falta de trabalhadores na Região Autónoma da Madeira: valorização dos profissionais e recurso a mão-de-obra estrangeira. 

O Pestana Hotels & Resorts empregava, em 2023, pessoas de 40 nacionalidades, um número significativo quando comparado com a realidade de 2019, em que no máximo 10 trabalhadores eram do exterior, revelou Dionísio Pestana, atentando para a "complexidade" de importar mão-de-obra, nomeadamente a legalização dos cidadãos e a garantia de habitação. 

"É uma nova realidade", expressou, dando conta que o grupo Pestana tem construído alojamento exclusivamente para o pessoal de fora. O idioma, referiu, é também uma "barreira" a ser ultrapassada, ainda assim, vale a pena a contratação, tendo em conta que os madeirenses já não querem trabalhar na hotelaria e que no Verão os hotéis Pestana "precisam de 1.500 trabalhadores".

António Trindade, do Grupo PortoBay, defendeu que "é fundamental não demonizar os fenómenos migratórios" já que os imigrantes que têm dado entrada na Região são pessoas "formadas, capazes e que se adaptam ao mercado", sendo apenas necessário apostar na sua formação com cursos rápidos, especialmente de língua portuguesa.  

"A dignificação e valorização das carreiras são também determinantes", disse. 

Ricardo Farinha, da Savoy Signature, afirmou que "com a falta da atractividade da profissão na hotelaria a forma de trazer staff para o sector é através do aumento dos salários ou recorrer a capital humano imigrante", pelo que perspectiva um aumento dos encargos com pessoal nos próximos tempos. 

Regular o mercado do Alojamento Local 

O CEO do grupo PortoBay Hotels & Resorts, António Trindade, alertou, durante o painel 'Evolução e Inovação na Hotelaria: Da História à Visão de futuro na Madeira e no País', para a importância de regular o mercado do Alojamento Local, tendo em conta o elevado crescimento assistido. 

"Actualmente o Alojamento Local não segue as mesmas regras do jogo que os hotéis", criticou, apelando à criação de "um mecanismo regulador do crescimento da oferta". 

Filipa Jardim Fernandes, do Dorisol Hotels, atestou, recordando, por outro lado, a importâncias do Alojamento Local que permitiu à Região "alimentar as novas ligações regulares".

"O Alojamento Local é bem-vindo, a Madeira tem de ter uma oferta diversificada para servir diversos públicos", disparou, acrescentando que "é preciso também ter algum cuidado com os pontos turísticos saturados, temos de diversificar a oferta", analisou. 

A CEO do Dorisol Hotels, Filipa Jardim Fernandes, aproveitou a intervenção para expor que "a pandemia foi uma oportunidade para a Madeira". 

A pandemia foi uma oportunidade para o destino Madeira, veio ajudar no sentido em que o facto de a Madeira ter fechado pouco tempo deu uma projecção junto dos operadores que a Madeira dificilmente tinha num período normal. Conseguimos captar um turista mais jovem que arriscava mais viajar na altura da pandemia e isso foi muito importante, o que também só foi possível com a entrada das companhias de baixo custo e com a abertura de mais ligações regulares. Por outro lado, se o destino Madeira não tivesse feito o investimento na segurança, talvez não teríamos essa confiança por parte dos viajantes.  Filipa Jardim Fernandes