DNOTICIAS.PT
Mundo

GAVI quer ajudar África a produzir vacinas

Projecto para reduzir desigualdade no acesso a vacinas em África arranca em Junho

None
Foto Shutterstock

O presidente do conselho de administração da Aliança Mundial das Vacinas, José Manuel Durão Barroso, apresentou hoje em Adis Abeba um projeto para a redução da desigualdade no acesso às vacinas em África.

Em entrevista à agência Lusa, Durão Barroso, ex-primeiro-ministro português e antigo presidente da Comissão Europeia, salientou que a Aliança Mundial para a Vacinação e Imunização (GAVI, na sigla em inglês), aposta na angariação de até mil milhões de dólares (927 milhões de euros) para este projeto, que assenta no desenvolvimento da capacidade de produção de imunizantes em África.

"Como se verificou durante a pandemia [de covid-19], África está numa posição de alguma injustiça, porque produz cerca de 0,1% das vacinas quando tem cerca de 20% da população mundial. Isto foi muito sentido aqui em África como um problema de injustiça e nós achamos que é importante ajudar África a obter a sua própria capacidade de fabrico", salientou.

Durão Barroso apresentou o projeto no Segundo Fórum Ministerial de Alto Nível do Africa CDC (Centro para Controlo e Prevenção de Doenças), no âmbito da 37.ª cimeira da União Africana, que hoje se iniciou na capital etíope.

Com este projeto, denominado Acelerador para o Fabrico de Vacinas em África (AVMA, na sigla em inglês), a GAVI, parceria público-privada, propõe-se mobilizar os mil milhões de dólares necessários para ajudar no fabrico de vacinas no continente africano.

"Já há alguma coisa, mas muito pouco. É por isso que, desde que os projetos, que agora estão a ser lançados, obtenham certificação técnica e científica das autoridades competentes, nomeadamente da Organização Mundial de Saúde, nós poderemos mobilizar esses fundos", reiterou.

Durão Barroso destacou que o AVMA tem também outro efeito positivo para o continente africano que é a transferência de tecnologia.

"É também uma transferência de tecnologia, transferência de procedimentos e processos. Uma vacina não é apenas um produto, é um processo. Uma vacina é algo muito complexo. Por vezes até se pode ter a fórmula certa, mas não se conseguir produzir em escala com a qualidade necessária. Essa é uma das dificuldades que tem havido, não só em África, mas também noutros pontos do mundo", quando se trata de produzir vacinas que sejam certificadas e consideradas seguras e eficazes, explicou

"Por isso queremos, de facto, apoiar essa transferência de tecnologia para África e isto não é um sonho, já está a acontecer", disse, destacando o caso concreto do Ruanda, num projeto com apoio da União Europeia e que se traduz na produção de uma vacina da chamada nova geração.

Durão Barroso frisou que a GAVI não toma partido por localizações para a instalação das fábricas.

"Têm de ser os investimentos, seja dos países, seja das entidades privadas, a encontrar as fórmulas que garantam o sucesso. O que nós podemos depois garantir são os contratos de aquisição que permitam a essas vacinas terem efetivamente procura suficiente e poderem estabelecer-se nos programas de vacinação nos diferentes países", concluiu.