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Opositora venezuelana anuncia negociação com regime para eleições livres em 2024

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Foto AFP

A líder opositora venezuelana Maria Corina Machado anunciou hoje que está envolvida numa negociação complexa com o Governo da Venezuela para conseguir eleições livres no país.

"Está a decorrer uma negociação complexa com o regime, na qual me comprometo a fazer tudo para que o interesse comum e superior dos venezuelanos esteja sempre em primeiro plano. A Venezuela precisa de cada um de nós e precisa de nós agora", disse a vencedora das eleições primárias da oposição.

Maria Corina Machado falava numa mensagem de Ano Novo divulgada em vídeos através das redes sociais locais, em que declarou que 2024 será "o ano mais importante da história contemporânea da Venezuela" e que a oposição "avançou muito, aprendeu de erros e acertos" e está pronta "para aproveitar a verdadeira oportunidade" que tem.

Segundo Maria Corina, com as primárias, a oposição demonstrou a si própria e ao mundo do que é capaz de fazer, quando unida e o resultado das primárias é "um mandato" para a "libertação e transformação da Venezuela através de eleições presidenciais livres e justas em 2024".

"As eleições livres são o caminho para uma mudança em paz, não há outro. E temos uma possibilidade real de o conseguir. Que estas eleições se façam bem, é uma responsabilidade de todos os venezuelanos, dos que estão aqui e dos que estão no estrangeiro e também dos democratas do mundo que compreendem as enormes implicações para a nossa região e para o Ocidente, de conseguir uma transição pacífica e ordenada na Venezuela", disse.

Na sua mensagem Maria Corina diz que os venezuelanos estão "fartos de promessas que ninguém cumpre" e que visualiza 2024 como "um ano de trabalho intenso".

Anunciou que a oposição "está já a construir" a rede "600K", para a defesa do voto, com "uma imensa legião de 600.000 cidadãos formados e coordenados, como nunca antes neste continente".

A opositora pediu aos venezuelanos que criem cada um o seu próprio comando de campanha para ter "milhares e milhares de comandos" no país e no estrangeiro.

"O que temos pela frente não é fácil. O regime continuará a usar todos os braços do seu sistema criminoso como tentáculos para atropelar, ameaçar, perseguir e aterrorizar. Este sistema criminoso é o candidato que vamos enfrentar e derrotar", frisou.

Em 22 de outubro, mais de 2,4 milhões de venezuelanos participaram nas eleições primárias da oposição para eleger o candidato que disputará com Nicolás Maduro as presidenciais de 2024 na Venezuela.

A antiga deputada Maria Corina Machado, que era tida como favorita, obteve 92,4% dos votos, mais de 2,25 milhões de votos, mas segundo as autoridades locais está desqualificada para ocupar cargos públicos eleitos.

Em 30 de outubro, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Venezuela suspendeu "todos os efeitos" das primárias e exigiu as atas eleitorais, incluindo as de constituição das mesas eleitorais, dos cadernos e boletins de voto.

Em 15 de dezembro último, Maria Corina Machado, apresentou no STJ uma reclamação pela decisão, que ainda não teve resposta.