O primeiro teste à eutanásia

Às vezes chego a pensar que o povo português vive o seu dia a dia como se de um filme de suspense se tratasse e que depois para os contribuintes se converte num longa-metragem de terror! Quando se pensa que em democracia vale tudo, que a liberdade permite tudo, quão errados estamos. A liberdade permite-nos expressar os nossos pensamentos, mas limita-nos na ofensa, na intriga e na violência. Permite-nos livremente escolher o nosso futuro, mas limita-nos em alternativas quando a gestão governativa condiciona muitos dos nossos sonhos e projetos. Num país onde as oportunidades de alguns são o limite de muitos e o impedimento da maioria, onde o estado limita-se a extorquir os contribuintes, tirando-nos o tapete a qualquer oportunidade que possamos vir a ter. Andamos estes anos todos a sustentar um setor pouco ou nada produtivo; a banca, que custou ao estado português (dinheiro dos nossos impostos) entre 2008 e 2021 a módica quantia de 22 MIL MILHÕES DE EUROS, é caso para dizer: somos ricos e não sabíamos. Neste último ano os lucros da banca em Portugal ascenderam a mais de 2 mil milhões de lucros só em 2022, ou seja, 5,5 MILHÕES por dia, que em todas as instituições triplicaram os lucros, numa altura em que mais de 660 MIL famílias estão em incumprimento com os créditos bancários. Depois de tantos privilégios, o que estará o governo à espera para regulamentar o crédito à habitação, tirando o sufoco que aprisiona aqueles que com um esforço tenaz tentam satisfazer os seus compromissos. A constante promoção da miséria por parte dum governo moribundo, que a cada dia que passa apresenta casos e casinhos de corrupção, onde a «justiça» deste país não consegue dissipar e aplicar a lei, pois, ao estar condicionada pelas escolhas dos seus magistrados e juízes, decreta a guilhotina aos contribuintes. Tudo se dissolve em Comissões de Inquérito (CI), tanto a nível nacional como regional e que depois de tanta discussão e apuramentos ficamos em nada e continuamos a ser nós os contribuintes a ter de arcar com as consequências, enquanto as máximas autoridades deste país, assobia para o lado. A mentira converteu-se no expoente máximo deste modelo de democracia. Casos como os da TAP, a contradição passou a ser regra e apanágio duma classe política que não olha a meios para atingir os fins, passando a ideia que já não há nada a fazer que; quer queiramos quer não, isto é, mesmo assim. Mas será que vamos continuar apenas e tão só preocupados em chegar a uma conclusão: se o Benfica ou o Porto vai ser campeão, se o Marítimo e ou o Nacional desce ou mantém-se de divisão, se vem aí um verão e o «negócio» dos fogos voltam à discussão, e tantos outros mexericos de manobras de distracção, enquanto governos, presidente da República e demais responsáveis andam a passear pelo mundo e nós aqui com a corda ao pescoço e agarrados a uma boia de salvação furada por todos os lados, ainda não decidimos que a única solução terá de passar por uma alternativa a um sistema totalmente degradado e desacreditado. Os inimigos e contestatários daqueles que lutam e combatem diariamente este sistema corrupto, são os mesmos que andam há quase meio século a enganar as populações, mas no dia que CHEGA a alternativa, os adversários passarão também a beneficiários dessa solução e nunca serão considerados nossos inimigos. Fará sentido um teste à lei da eutanásia que passaria por aplicá-la em primeira mão a este governo que sobrevive ligado à máquina da corrupção, desastroso e moribundo?

A. J. Ferreira