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Chefe da AIEA discute com Rússia segurança da central nuclear de Zaporijia

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Foto DN

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, encontrou-se hoje com responsáveis russos em Kaliningrado para abordar a segurança da central nuclear ucraniana de Zaporijia, atualmente controlada por forças russas.

A deslocação de Grossi ao enclave russo de Kaliningrado, situado entre a Polónia e a Lituânia, surge uma semana depois de ter visitado a central nuclear de Zaporijia (no sul da Ucrânia), a maior da Europa.

"Encontrei-me com altos responsáveis de diversas agências russas em Kaliningrado", disse Grossi numa mensagem publicada na rede social Twitter.

"Vou prosseguir os meus esforços para proteger a central nuclear de Zaporijia", disse ainda, ao enfatizar que estes contactos "são do interesse de todos".

O chefe da Rosatom, Alexey Likhachev, foi um dos responsáveis russos contactados por Grossi nesta deslocação, de acordo com um comunicado da empresa estatal russa para o desenvolvimento de energia nuclear.

Segundo a nota informativa, Likhachev informou Grossi dos "passos que estão a ser dados pelo lado russo para garantir a operacionalidade" da central nuclear, e manifestou disponibilidade para a concretização das medidas sugeridas pelo diretor-geral da AIEA.

As instalações nucleares de Zaporijia estão sob controlo das forças russas desde março de 2022, logo após o início da invasão russa da Ucrânia, e têm sido palco de constantes ofensivas militares, quer de Moscovo quer de Kiev.

No decurso da sua visita na passada semana, Grossi disse que tentava "preparar e propor medidas realistas que sejam aprovadas por todas as partes".

O aumento da intensidade dos combates na região impôs a necessidade urgente de encontrar uma forma de impedir um potencial acidente nuclear catastrófico na central nuclear de Zaporijia, assinalou na ocasião o representante da agência da ONU.

As interrupções no fornecimento de eletricidade proveniente do exterior devido aos combates obrigaram os funcionários da central a desligarem por seis vezes os geradores de emergência da infraestrutura.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus --, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.451 civis mortos e 14.156 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.