Aflitos, Pedro e João correram ao sepulcro. Não por estarem à espera da ressurreição — nem sabiam o que significava ressuscitar dos mortos! — mas por pensarem que o túmulo tinha sido profanado. Pedro entrou primeiro; João entrou depois. E ele próprio conta: “Viu e acreditou”. Que viu João? Viu os sinais do que parecia ser um roubo. No entanto, de repente, tudo passou a fazer sentido: a pessoa, os gestos, as palavras de Jesus (sobretudo as que falavam da ressurreição dos mortos) ganharam novo significado. E, do mesmo modo, toda a sua vida de discípulo. Daquilo que parecia ser uma derrota (a cruz, e o roubo do cadáver), nasceu a vitória da fé: Jesus está vivo, ressuscitado! E Pedro haveria também de fazer este caminho interior. A fé que nos une ao Ressuscitado e à vida que Ele faz nascer em nós permite olhar o mundo e os seus acontecimentos (mesmo os mais tristes e difíceis) de um outro modo. O Espírito que recebemos do Ressuscitado faz nascer a Igreja que somos todos nós, corpo de Cristo vivo. Ele está connosco; no meio de nós, mesmo por entre a nossa fragilidade e pecado. E isso não podemos calar. Bispo do Funchal, D. Nuno Brás