A Guerra Mundo

Kiev diz que forças ucranianas progridem em "certas zonas" de Bakhmut

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Foto EPA

A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar, assegurou hoje que apesar do avanço das forças russas na cidade cerca de Bakhmut (leste), o Exército ucraniano também efetuou progressos "em certas zonas".

"Estão a ocorrer combates intensos, também na cidade. Houve alguns avanços do inimigo. Em simultâneo, também efetuámos progressos em certas zonas. A defesa de Bakhmut continua", afirmou em declarações transmitidas pela televisão.

Maliar indicou que o comando ucraniano não ordenou a retirada de Bakhmut, apesar da intensificação do cerco russo pelo facto de os combates nesta cidade do Donbass permitirem "reduzir o potencial ofensivo do inimigo".

As tropas ucranianas estão a bloquear num dos pontos de defesa o avanço russo, assinalou ainda, e apesar do elevado número de baixas ucranianas as perdas entre as forças inimigas são muito superiores.

Maliar frisou que as baixas russas atingem "as unidades mais profissionais, quer dizer, as unidades da Wagner", numa referência ao grupo paramilitar privado envolvido nos combates.

A vice-ministra da Defesa também aludiu a um recente artigo do diário norte-americano The Washington Post que se referiu à falta de experiência de muitos recrutas ucranianos enviados para a frente para suprir as baixas dos veteranos.

"É inimaginável que antes de invasão existiam apenas 200.000 efetivos militares e que agora há mais de um milhão. É um desafio treinar um tão grande número de pessoas", admitiu, mas assegurou que estes problemas estão a ser solucionados.

Em paralelo, um responsável militar da Milícia Popular da autoproclamada República Popular de Lugansk (LNR), indicou hoje que a Ucrânia está a concentrar tropas e equipamento nos arredores de Bakhmut (que os russos designam de Artyomovsk) sugerindo que Kiev se preparara para uma grande batalha na região.

"Observamos a concentração de forças e meios nessa área. [O Presidente ucraniano Volodymyr] Zelensky disse que não vão retirar de Artyomovsk e decidiu tomar medidas concretas através do aumento do número de novas forças nessa direção. Zelenky decidiu agora efetuar uma batalha grandiosa. Talvez tenha em mente algumas ações de contraofensiva aí", disse o tenente-coronel na reforma Andrey Marochko, citado pela rádio Pravda.

O mesmo responsável indicou ainda que os militares ucranianos treinados em campos de treino ocidentais estão a chegar à área de combate, e assinalou que estão muito bem treinados.

Marochko também revelou que veículos blindados ocidentais estão a deslocar-se do leste da Ucrânia para a linha da frente.

"Sabemos que um grande número de veículos blindados está a caminho, e ainda sistemas de lança-foguetes múltiplos. Estamos a detetar isto, as tropas ucranianas têm músculo, graças aos designados parceiros ocidentais", acrescentou.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus --, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.317 civis mortos e 13.892 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.