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Hamas exige inquérito internacional sobre "execuções sumárias" atribuídas a Telavive em Gaza

Foto Anas-Mohammed / Shutterstock.com
Foto Anas-Mohammed / Shutterstock.com

O movimento islamita palestiniano Hamas exigiu ontem um inquérito internacional sobre "execuções sumárias" que atribui ao Exército israelita na Faixa de Gaza, afirmando que ocorreram pelo menos 137 desde o início do conflito em 07 de outubro.

O governo do Hamas, no poder no território palestiniano desde 2007, afirmou em comunicado que recolheu testemunhos segundo os quais "o Exército de ocupação israelita procedeu à execução sumária de 137 civis palestinianos na cidade de Gaza e nas regiões do norte".

Os responsáveis do Hamas acusaram designadamente o Exército de ter "escavado uma enorme fossa a leste da cidade de Gaza e de ter colocado dezenas de cidadãos detidos antes de os executar a tiro e cobrir a fossa com a ajuda de escavadoras". O comunicado não precisa o momento em que terá ocorrido esta situação.

As acusações não foram confirmadas por fonte independente. Porta-vozes do Exército israelita, questionados pela agência noticiosa AFP, não reagiram o imediato.

O Hamas apelou ao "estabelecimento de equipas internacionais para investigar os crimes da ocupação e as suas execuções sumárias".

Previamente, um porta-voz do ministério da Saúde do Hamas, Ashraf al-Qidreh, tinha referido que durante esta semana dezenas de palestinianos foram mortos e "dezenas" de outros "executados" em plena rua no decurso de uma operação terrestre do Exército israelita na região de Jabaliya, norte da Faixa de Gaza.

O Exército israelita, após contactado, não respondeu especificamente às alegações de execuções, indica a AFP.

No entanto, um porta-voz militar assegurou que os ataques "contra alvos militares estão em conformidade com o direito internacional" e são efetuados após "uma avaliação para que as consequências acidentais sobre os civis e os bens civis não sejam excessivas em relação à vantagem militar que se pretende pelo ataque".

O alto comissariado da ONU para os direitos humanos pediu na quarta-feira a Israel que inicie uma investigação "sobre um possível crime de guerra" cometido pelas suas forças após "informações inquietantes" sobre a morte de "11 homens palestinianos não armados" na cidade de Gaza.

Israel afirmou que estas acusações "são sem fundamento e desprovidas de verdade".

O mais recente conflito entre Israel e o Hamas foi desencadeado após um ataque sangrento e sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita em 07 de outubro.

No total, 1.140 pessoas, na maioria civis, foram mortas nesse dia, segundo uma contagem da agência noticiosa AFP a partir dos últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 127 permanecem em Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde 07 de outubro a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas de 20.258 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas mais de 52 mil, na maioria civis, destruídas a maioria das infraestruturas e perto de 1,9 milhões forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade da população do enclave.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade. Desde 07 de outubro, mais de 280 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém leste, ocupados pelo Estado judaico.