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O preço da guerra

Parece inumano falar de economia quando um país é violentado, ocupado e assassinado por um país vizinho. Ainda para mais quando essas imagens entram no nosso quotidiano, pela televisão ou pelo telemóvel.

Ainda assim, o preço desta guerra ainda está por definir e o que estamos a sentir são apenas os primeiros sinais, como se da ponta de um iceberg se tratasse. Mesmo que a dependência energética da Europa face à Rússia possa ser diminuída a médio prazo, de uma crise económica já não escapamos. O tema, no momento presente, é sabermos qual o tamanho da empreitada com que já começámos a confrontar-nos.

Portugal teve em março uma inflação de 5,3% face ao mês homólogo do ano passado. É a maior subida nos últimos 28 anos.

É bom lembrar que após a crise de 2011/12 – que gerou cortes nas pensões, suspensão e cortes dos subsídios de férias e um brutal aumento de impostos – chegou em 2020 a pandemia. O efeito pandémico na economia foi, todos o sabemos, imenso. No entanto, a pandemia teve um efeito assimétrico nas famílias e empresas, porque nem todos sofreram da mesma forma. Se em alguns sectores o impacto foi enorme (por exemplo no Turismo e todas as atividades a ele conectadas), em alguns setores a crise não se sentiu e muitos profissionais não viram o seu rendimento ser diminuído.

Já a presente crise (e estou em crer que face ao aumento dos combustíveis, da energia e de inúmeras matérias primas, em nada o termo é exagerado) começou há cerca de oito semanas e tem um assustador potencial de crescimento.

As razões pelas quais a invasão da Ucrânia aconteceu mereciam outra reflexão. Por agora e em termos práticos, concentremo-nos em saber lidar e conter este desafio às nossas vidas e à nossa economia. Tenho para mim, que a maioria das pessoas, como ainda não sentiu verdadeiramente os seus efeitos, ainda não tomou conta do tamanho do desafio que teremos pela frente. Saibamos tomar as medidas certas e continuar a aprender com a História.

Por agora e no dia a dia, continuamos a assistir a uma invasão que, como tantas outras guerras, vai cimentar o ódio entre povos. Como pode uma criança ucraniana não ficar revoltada para sempre, quando vê um país vizinho tirar-lhe a casa, parte da família e obrigá-la a sair em condições sub-humanas do seu país?... A guerra abre feridas imensuráveis.