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Woodsotck... e a guerra

Em Agosto de 1969... já decorria uma guerra nas colónias portuguesas em África ... realizou-se um festival musical na cidade de Bethel, no estado de N.Y. - talvez um dos maiores eventos musicais de música rock, mas concerteza o mais famoso... numa época em contexto de efervescência cultural, onde se pretendeu simbolizar o fenómeno da “contracultura”, sendo o movimento hippie - que defendia a paz, o amor e a liberdade - o seu principal impulsionador, com este modo particular, questionando principalmente o “american way of life”, esse estilo de vida norte-americano baseado no consumismo. Paralelamente , em Portugal Continental, avançava o recrutamento de jovens em idade militar - para ingressar na guerra do Ultramar - apenas dispensados, aqueles que frequentassem o ensino superior com aptidão, ou então, os que, por qualquer problema de saúde, fossem considerados incapazes. Eu próprio, que me encontrava na universidade, fiquei adiado em cumprir esse desígnio, pese embora sentisse que, a qualquer momento poderia chegar o dia e a hora, em que teria de ingressar para efectuar essa tarefa.

Inexplicavelmente, cinquenta e “picos” anos depois, no meio das “pampas” europeias, desencadeia-se uma guerra, convencional, com um agressor e um agredido, pelo meio dos territórios de vários países da União Europeia, uns efectivos, outros candidatos, ... em episódio semelhante, mas em escala muito extrema, como uma cena de pancadaria - com facas e garfos - entre duas das muitas mesas redondas do Grande Salão de jantar dum qualquer hotel de cinco estrelas! Parece-me haver aqui uma grande falha, bem maior do que uma desavença, com um desenvolvimento que não seria previsível e portanto não deveria acontecer! E agora? O que fazer? Num incêndio ... bombeiros! Na ocupação de uma casa ... acção de despejo! E num caso destes, aqui nos “jardins” da Velha Europa?

Onde param as nossas defesas territoriais? O nosso exército, ... as nossas forças militares e militarizadas, onde estão os serviços públicos, organizados e preparados para nos defender em caso de um ataque inesperado ou eminente?

Como reparam, a Europa depende de importações que faz da Rússia e a mesma Rússia, por sua vez, de importações que faz á Europa, as primeiras de matérias energéticas fundamentais como o gás e o petróleo, as segundas, de substâncias de consumo sistémico e social, do tipo “european way of life”! Com esta infantilidade negocial europeia, também porque resultou um conflito “familiar” com um dos comerciantes, vamos todos pagar o que está a acontecer, mais aquilo que virá depois!

Eis que, aproveitando o conflito gerado no seio da Europa consumidora, ... e talvez para dar nas vistas ou para recordar que estão vivos, os norte coreanos comandados por um “general” sem farda, disparam um míssil de longo alcance - transcontinental - o qual acabou “mergulhando” nas águas territoriais do Japão! Parece uma brincadeira ...de mau gosto!

Temos algumas perguntas para fazer sobre este cenário “dantesco”: - Afinal, o que andamos aqui nesta união dos estados europeus, a fazer e a pensar, perante estes acontecimentos extraordinários e inverosímeis? Será que achamos estar ainda no ambiente de Woodstock, ... aguardando a entrada da cantora Janis Joplin no palco ... ou o Jimi Hendrix a fazer um solo de guitarra, para nosso gáudio e consolo?

Em Woodstock o ambiente era de amor, paz e liberdade! E de contestação ao consumismo! Aqui, o ambiente é de guerra, de mortos, feridos, refugiados, fome, escassez de produtos, contestação geral e muitíssima incerteza! Mas também em ambiente europeu de consumismo ou de ansiedade em consumir!

Porque não existe ainda um serviço militar obrigatório na UE - para homens e mulheres - que organize e programe a defesa dos nossos territórios? Como vamos lidar com esta conflitualidade e suas consequências, com outras instabilidades e outras incertezas? Fomos postos á prova nas nossas fragilidades e nas nossas necessidades mais naturais e mais comuns.

Neste planeta, muitos de nós vivem perto de certos países - dispersos pelos vários continentes - onde podem ser ameaçados ou invadidos por uma vizinhança, sem que para tal exista uma justificação plausível. Taiwan é um exemplo dum território, que de um momento para outro, pode ser invadido pela R.P.C.! Provocando, necessariamente novas repercussões no mundo inteiro!

Será que a União Europeia terá de organizar um grande festival musical, de contestação contra os hábitos de consumismo, ... hábitos que andaram a “vender” pelos países de leste europeu? Vamos ter de voltar aos movimentos de “contracultura”, voltar a Woodstock, voltar á paz, ao amor e à liberdade?

Não se consegue adivinhar o fim deste “filme”!

Entretanto, vamos fazendo cálculos e apostas!