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Macron condena novos protestos independentistas na Córsega e exige ordem

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O Presidente francês, Emmanuel Macron, considerou "inaceitáveis" os atos de violência ocorridos domingo na Córsega, alertando que "não haverá negociação" sobre a autonomia da ilha enquanto não for restabelecida a ordem.

"O que eu vi este fim de semana é inaceitável, inclusivamente com a participação de responsáveis políticos", disse Macron à rádio pública francesa France Inter. 

A nova manifestação na Córsega, em que participou, nomeadamente, Gilles Simeoni, presidente do órgão autonomista Conselho Executivo da Córsega, decorreu no domingo em Ajaccio, em memória do independentista corso Yvan Colonna, que morreu o mês passado depois de ter sido agredido na prisão onde se encontrava a cumprir uma pena perpétua.

Os protestos têm-se repetido na Córsega desde o passado dia 02 de março, depois de Colonna, figura simbólica do independentismo, ter sido vítima de uma brutal agressão por parte de um outro recluso na cadeia de Arles. O militante morreu a 21 de março.

A manifestação do passado domingo acabou em confrontos entre cerca de 150 a 200 jovens, equipados com máscaras de gás, e as forças policiais.

De acordo com as autoridades, 15 pessoas ficaram feridas na sequência dos confrontos.

Registaram-se também incidentes entre manifestantes e polícias na zona de Bastia, no norte da ilha.

Emmanuel Macron disse que o assassinato de Yvan Colonna na prisão "é grave e inaceitável", mas considerou que o militante independentista "não é um herói", recordando que foi condenado por vários crimes, entre os quais "o assassinato do presidente da Câmara de Érignac, em 1998".

"A República não pode aceitar que um detido seja abatido nestas condições por outro recluso e, por isso, vou tomar medidas com base nos relatórios e em todos os factos que me forem enviados", acrescentou o chefe de Estado francês. 

Macron disse ainda "que o restabelecimento da ordem é uma condição para tudo".

O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, tinha garantido iniciar esta semana negociações sobre "todas as questões da Córsega", incluindo "a evolução institucional para um estatuto de autonomia, a ser especificada".

"Não vão decorrer negociações com pessoas que se comportam desta maneira", afirmou Macron.

"Sou a favor de uma evolução que vá ao encontro das necessidades da população. Por isso, sempre disse que não há tabus, mas a autonomia não é independência", sublinhou Macron sobre a Córsega.

Os protestos ocorreram a uma semana das eleições presidenciais em França.