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Criar (o) futuro (XII)

“Não encaro a política como uma carreira, nem sequer como uma profissão, encaro-a efetivamente como correspondência a um dever de cidadania”. Revejo-me nesta frase de Francisco Sá Carneiro.

E passado um ano da minha saída do XIII Governo Regional da Madeira, é tempo de fazer um balanço, com distância temporal, objetividade e com orgulho e gratidão. Não um balanço ou avaliação sobre a minha atuação enquanto Secretária Regional, mas sobre o muito que se fez nas áreas extremamente relevantes que me estavam atribuídas.

Foram só dois anos no Governo, mas de um tempo difícil, de extrema exigência, em que surgiu uma pandemia, com significativos efeitos negativos em termos sanitários, sociais e económicos.

Um período desafiante, em que foi necessário decidir e atuar com celeridade e eficácia para responder aos legítimos anseios dos cidadãos e das empresas, e devolver-lhes a esperança. Uma exigente missão, em que foi preciso investir e apoiar a sociedade e a economia, com programas inovadores que contribuíssem para mitigar as dificuldades decorrentes da pandemia de Covid-19.

Por, na altura, ter, sob alçada da Secretaria Regional de Inclusão Social e Cidadania, o Instituto de Segurança Social da Madeira, o Instituto de Emprego da Madeira, a Investimentos Habitacionais da Madeira, a Direção Regional do Trabalho e da Ação Inspetiva e a Direção Regional dos Assuntos Sociais, áreas com evidente impacto social e económico, houve a necessidade de canalizar verbas para reforçar a intervenção em termos de emergência, para a qual sempre contei com a solidariedade do, à época, Vice-Presidente do Governo.

Refiro, a título de exemplo, a criação do Fundo de Emergência para Apoio Social (FEAS), 1.º programa alargado de apoio às famílias da chamada classe média, afetadas pelo lay-off ou desempregadas devido à Covid-19, o Fundo de Apoio Regional às Organizações Locais (FAROL), o Complemento Regional para Idosos, os apoios aos trabalhadores independentes, o Social Ajuda+ para apoio às IPSS.

No período de outubro de 2019 a setembro de 2021, criou-se, igualmente, o PRAHABITAR, para apoio em termos de Habitação, e começou a ser preparado o Programa “100 Diferenças” para inserção profissional de pessoas com deficiência.

Foi uma experiência marcante, com um sentimento de dever cumprido e a clara convicção de que eu e a minha equipa de colaboradores tudo fizemos para não defraudar as expectativas de quem mais precisava de nós, sobretudo as pessoas mais vulneráveis e o tecido empresarial regional que connosco contavam para ultrapassar essa época de tormentas e dificuldades.

E como a vida é feita de mudança, iniciei há quase um ano uma nova etapa profissional, aceitando, com muita honra, o convite do Dr. Pedro Calado para desempenhar as funções de Administradora da Sociohabitafunchal, E.M., empresa municipal de habitação da Câmara Municipal do Funchal, num projeto aliciante de “Pôr o Funchal Sempre à Frente”, do qual tenho muito orgulho em fazer parte.

Continuarei sempre a lutar, quaisquer que sejam as minhas funções profissionais, por um futuro melhor para a Madeira, porque a Madeira está sempre à frente. E a um ano das eleições legislativas regionais, tenho a certeza que os madeirenses e porto-santenses saberão escolher os projetos com futuro. Com a certeza de que, ontem como hoje e amanhã, sabem com quem podem contar.

Termino adaptando uma frase de Sá Carneiro “Primeiro, Madeira, depois, o partido, por fim, a circunstância pessoal de cada um de nós”.