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Comunidades apelam à inclusividade na África do Sul

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Um grupo de empresários e profissionais das comunidades helénica, italiana e portuguesa na África do Sul instaram o Governo a criar uma sociedade inclusiva, que crie oportunidades para todos no país.

"É necessário acelerar as reformas estruturais e investir mais no ensino básico e superior por forma a criar empreendedores", afirmou o empresário sul-africano Stavros Nicolaou.

O empresário de descendência grega, que preside à HIP Alliance -- organização que representa os interesses empresariais e profissionais das comunidades grega, cipriota, italiana e portuguesa na África do Sul - referiu à imprensa local que o Governo sul-africano "deve exercer maior disciplina fiscal a nível macroeconómico".

"Mas é fundamental redobrar os esforços na construção da coesão social", frisou Stavros Nicolaou.

Nesse sentido, em declarações à Lusa, o advogado lusodescendente e responsável pela secção portuguesa da HIP Alliance, José Nascimento, salientou que o Governo do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), partido no poder, e a sociedade sul-africana encontram-se "a quilómetros de distância um do outro".

"A ministra na Presidência criticou esta semana as comunidades HIP numa altura em que os nossos filhos são obrigados a emigrarem para o estrangeiro devido às políticas BEE [Black Economic Empowerment] do Governo que os excluem do mercado de trabalho", salientou.

"O BEE mantém os licenciados brancos desempregados, mas na ótica do Governo sul-africano devemos capacitar os negros nas nossas empresas e negócios", frisou José Nascimento.

"Julgo que a igualdade deve ser para todos", adiantou.

O advogado lusodescendente referiu que num encontro virtual com os membros da HIP Alliance, na terça-feira, a ministra na Presidência sul-africana, Khumbudzo Ntshavheni, afirmou que as comunidades helénica, italiana e portuguesa no país "devem" ajudar o Governo a "criar oportunidades económicas" na sequência dos recentes tumultos, saques e violência no país, após a prisão do ex-presidente Jacob Zuma, que provocaram mais de 330 mortos.

A governante sublinhou que a "desigualdade" e o "racismo" persistem na África do Sul, após 27 anos de democracia desde a queda do regime do 'apartheid' em 1994, quando o ANC assumiu o poder, salientando que "a economia ainda pertence a uma minoria".

Pelo menos 40.000 empresas sul-africanas foram saqueadas, queimadas ou vandalizadas, nos violentos protestos de julho, segundo o Governo sul-africano.

Cerca de uma centena de negócios de grandes empresários portugueses, incluindo filhos de madeirenses, no setor alimentar e de bebidas, foram saqueados e vandalizados.