Uma empresa desvairada

- Meus amigos, camaradas, estamos a transformar-nos numa empresa desvairada.

A nossa sorte é termos como nossos opositores (concorrentes) um grupo de indolentes, preconceituosos, incompetentes, caso contrário, era triste o cenário, relativamente ao continuarmos a manter no país, o nosso PODER, como vocês se devem aperceber.

Para além dos frequentes “tiros que damos nos pés” já comentados em Portugal de lés- a lés, as opiniões e contradições em que caímos, dando uma imagem de completo desnorte e desatino, os casos complicados ocorridos, onde estão envolvidos alguns dos nossos clientes, amigos e protegidos, surgiram ultimamente – nas pessoas de alguns dos nossos sócios-gerentes – graves problemas com acidentes.

- Senhor Diretor-mor, se der licença, eu explico em pormenor, como o acidente que se deu no carro em que eu vinha a culpa não foi minha.

- Tem a palavra o Senhor Doutor Cabritinha.

- Em primeiro lugar não era eu que conduzia e tive o azar de o condutor que fui contratar parecer que tinha carta há um dia.

Trouxe um carro que, embora não se possa dizer que fosse roubado, mas ele pegou no primeiro que encontrou que estava lá no parque encostado.

Se estava inspecionado, travões afinados e tudo o resto em bom estado, não sei porque não fui informado. Mas sobre isso o condutor é que deve ser unicamente responsabilizado.

- Muito bem, Doutor Cabritinha.

- E aí o seu colega, o que me diz, quanto à velocidade que vinha e que, provavelmente, não teve também um acidente por um triz?

- Acho que houve mais “vozes do que nozes” . Realmente naquela estrada só podíamos circular a 90 mas vínhamos somente a 170, de modo que a diferença era tão irrisória que a Comunicação Social – na sua ansia de tudo dizer mal – fez disso mais uma história.

Senhor Diretor-mor, para lhe falar com toda a sinceridade, ate nem me apercebi que vínhamos nessa velocidade. Aliás, de 90 para 170 e mesmo que chegássemos aos 200 km à hora uma pessoa quando está imbuída nas suas responsabilidades o que menos pensa é nessas” tontices” das velocidades.

- Pois, mas das nossas “tontices” podem-se fartar as nossas gentes, muito especialmente, os que nos apoiam, digamos, os nossos clientes.

Temos também de pensar nas nossas “sucursais” da Madeira e dos Açores, cujos mercados já não morrem por nós de amores e se continuam a assistir a este descalabro, o pouco que lá temos tem os dias contados.

- Nesse particular, o Sr. Diretor-mor tem razão, temos que inverter a situação.

- Muito bem. Vamos passar uma esponja nestes acidentes, como, aliás, já o fizemos noutros momentos e seguir em frente.

Temos uma “feira” muito importante em Setembro. Até lá temos que mostrar que somos os melhores no momento e os que mais têm para dar aos seus clientes.

Sabemos que os nossos concorrentes andam amorfos, sonolentos, mas de um momento para outro podem despertar e lá se vai o nosso bem-estar.

Sim, Senhor Diretor-mor, tudo faremos para dar a ideia de que somos todos íntegros, ajuizados e competentes… até Setembro!

Juvenal Pereira