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PCP critica recuo no desconfinamento e fala em "opções erradas"

Foto: MÁRIO CRUZ/LUSA
Foto: MÁRIO CRUZ/LUSA

O secretário-geral do PCP criticou hoje o recuo no desconfinamento anunciado pelo Governo na quinta-feira, considerando que têm sido tomadas "opções erradas", e lamentou que a responsabilidade seja transferida para "a esfera dos comportamentos individuais".

"Como temos defendido, a solução no combate à covid-19 não pode ser insistir no fecho de atividades e no condicionamento da vida social, muitas vezes sem que a justificação seja percebida pelas populações já cansadas de um ano e meio de confinamento e outras restrições, expondo-as a conflitos com a autoridade", afirmou Jerónimo de Sousa.

O secretário-geral do PCP falava no início de um encontro com profissionais e utentes de saúde, em Lisboa, e considerou que as medidas de combate à pandemia decididas pelo Conselho de Ministros traduziram-se em "mais um recuo por parte do Governo".

Ressalvando que "o surto epidémico que o país enfrenta coloca um conjunto significativo de problemas" que "é preciso enfrentar com responsabilidade e determinação", o líder comunista referiu que a estratégia do Governo de combate à covid-19 assenta "não em medidas que procurem encontrar uma relação equilibrada entre o combate eficaz ao surto epidémico e medidas que impeçam o país de continuar a caminhar no sentido do aumento das dificuldade económicas e sociais, mas uma opção centrada sobretudo em critérios epidemiológicos em que as chamadas linhas vermelhas têm como principal objetivo sustentar medidas restritivas".

"Perante a incapacidade de resolverem o problema devido às opções erradas que têm tomado, e com o objetivo de iludirem a ausência ou insuficiência das medidas que se impõem, transferem para a esfera dos comportamentos individuais a responsabilidade da decisão de medidas restritivas como as que foram decididas ainda ontem", criticou.

Para o PCP, é preciso apostar em "medidas alternativas às medidas restritivas que têm vindo a ser tomadas", e que passam por "testagem, definindo critérios e prioridades rigorosas, rastreio de todos os novos casos e contactos por estes realizados", além da "vacinação rápida de todos".

Neste sentido, Jerónimo de Sousa defendeu que, "perante uma emergência de saúde pública, e sabendo-se hoje que a solução mais sólida para resolver o problema a prazo é a vacinação rápida de todos, não é aceitável que o Governo ainda não tenha tomado as medidas que se impõem para garantir a aquisição de outras vacinas já referenciadas pela Organização Mundial de Saúde e simultaneamente avance com a contratação de mais profissionais que possam garantir o avanço do processo".

E criticou também "os mesmos do costume" que "surgiram na comunicação social" aquando do aumento dos contágios em algumas zonas do país, falando "numa estratégia de comunicação que visa alarmar e espalhar o medo entre as pessoas, com o objetivo de as levar à aceitação de medidas restritivas", apontando que o discurso é o mesmo de fevereiro, na pior altura da pandemia.

"Um discurso que termina sempre com a ideia de que o Serviço Nacional de Saúde [SNS] não aguenta a pressão e começa a deixar para trás milhares de portugueses", atirou.

Considerando estar em causa "uma campanha contra o SNS", o secretário-geral do PCP defendeu ainda a a contratação de mais profissionais de saúde, com "contratos de trabalho com vínculo público efetivo à função pública", bem como a melhoria das suas condições de trabalho.

Na quinta-feira, o Governo anunciou que não existem condições para prosseguir o plano de desconfinamento em Portugal, tendo em conta que o país se encontra "claramente na zona vermelha" da matriz de risco de controlo da pandemia.