Fora de jogo

Enquanto andamos animados e até um tanto ou quanto distraídos pelo futebol, a paixão enorme duma grande maioria de portugueses, os nossos governantes continuam na sua saga de castigar-nos com atentados á nossa liberdade e assaltos ao nossos bolsos. São as denuncias de envio de dados pessoais por parte do presidente da C.M. de Lisboa de três ativistas que frente à embaixada protestavam pela libertação do líder da oposição Alexey Navalny para as autoridades Russas. Mais recentemente o agravamento da pandemia na capital e por conseguinte as restrições impostas novamente; Estará a liberdade de expressão posta em causa? aprova-se uma lei 27/2021 Carta Portuguesa de Direitos Humanos na Era Digital, que «regula» e coarta a liberdade de expressão, passando quase despercebida ao cidadão comum. Mas entretanto no que a economia diz respeito essa está a ficar cada vez mais crítica. Parece que a bazuca já vem a caminho e os guardiãs dos planos da pólvora estão com as malas oleadas para uma nova investida. Os combustíveis não param de aumentar e prepara-se aumentos na eletricidade de si os mais caros da UE, agravando cada vez mais a já catastrófica economia nacional, e condicionando a cada dia que passa o nosso enferrujado desenvolvimento. Enquanto continuamos a sofrer as agruras da corrupção, já proliferam pela cidade a venda de imagens de bem feitores e salvadores da pátria que andam a 47 anos vendendo promessas, iludindo o povo com obras muitas delas inúteis ou de utilidade duvidosa, mas que na realidade muito benefício trouxe a quem as projetou e as executou. Andamos nesta série de remates a rasar o poste, faltas duvidosas, penaltis inventados, mas continuamos eternamente fora de jogo. Pois é neste jogo político que infelizmente a falta de cultura democrática do nosso povo continua indiferente e tolerante, a sustentar a sua própria miséria com a sua insistente ignorância. Quando os beneficiários do regime esforçam-se para manterem os tachos conduzindo mansamente o rebanho, quando os dependentes do modelo de subsidiodependencia criado para comprar a consciência duma parte da população ingenuamente manipulada, mais de 50% continua de costas viradas à participação da democracia. Será que essa franja do eleitorado talvez indignada e até revoltada, não se sente de certa forma cúmplice da desgraça que nos assola? Porque definitivamente não é com abstenção que iremos combater a corrupção. Depois de todos estes anos a nos (venderem) mentiras, temos uma enorme dificuldade em ver a verdade. Será que não podemos ambicionar um novo modelo de democracia mais decente? Reparem que para mudar não será necessário estar contra ninguém, porque raio temos de continuara a sustentar um regime corrupto não nos sentido capazes de alterar o paradigma político da nossa terra? Afinal porque parece que confundimos política com futebol onde a hegemonia dos grandes parece perpetuar-se da mesma forma permitimos que os grandes corruptos se perpetuem no poder, quando á muito já deveríamos ter encetado outras alternativas. É hora de dizer chega de ingenuidade, de indiferença, de tolerância e de injustiças, queremos acreditar que com a coragem e determinação dos que se sentem injustiçados, indignados e revoltados é possível fazer mais e melhor. Iremos comemorar em breve o dia da cidade, os cidadãos perderam a confiança neste regime, e continuar calado aprofundará mais a cumplicidade do desastre político em que estamos mergulhados, temos de passar para outra margem. Os que acharem que estando de acordo com o actual modo como a política desta terra foi conduzida nestas mais de 4 décadas, estejam à vontade para continuar a dar o seu aval a esta lastimosa maneira de gerir os destinos deste povo, agora! Aquela maioria que se sente cansada de suportar o jugo da injustiça, acho que é hora de dizer chega para não ser sempre apanhada fora de jogo. O nosso silencio e indiferença irá perpetuar a nossa miséria, chega: Portugal quer justiça, porque a democracia e a liberdade permite-nos alterar o rumo do futuro, está nas vossas mãos.

A. J. Ferreira