Questões de saúde

Vamos aqui pensar no tema da saúde: cirurgias, tratamentos, dietas, implantes, fisioterapias, prevenções, acompanhamento psicológico.

Creio que todos nós já teremos passado pela experiência de uma doença grave ou de uma operação cirúrgica, própria ou alheia. Sabemos, então, que se vive um tempo de mal-estar físico e ansiedade psíquica, enquanto não se conhece a causa do mal, a sua gravidade e a terapêutica a seguir. Sim, a doença, na pessoa humana, ataca corpo e espírito. Não consta que um cão ou um gato se preocupem em ir ao médico por já estarem numa idade avançada...

O homem é mais complexo. Para se sentir bem, deve estar de boa saúde no corpo, no espírito e na alma. A saúde do corpo e do espírito é temporária e terminará com a morte. Caso diferente é o da alma que tem sempre algum mal-estar, mais ou menos grave. Porém, como a alma não morre, necessita estar de boa saúde para poder passar para a eternidade com alguma segurança. A vida sobrenatural melhora a vida natural, mas a saúde da alma necessita da colaboração do corpo.

Num pós-operatório, as dores fazem-se sentir na zona da costura, e um pouco por todo o corpo. Em tempo de pandemia, a solidão é amenizada apenas por uma única visita diária de uma hora. Na semi-sonolência causada pelos analgésicos, cansaço e fraqueza, consegue-se rezar e “oferecer” as dores, unindo-se aos sofrimentos de Cristo. Os santos deram-nos bons exemplos disso, orando por várias intenções: o Papa, a conversão dos pecadores, as almas do Purgatório, a cura de doentes, o sucesso de algum empreendimento humanitário ou apostólico. Estes pensamentos de ordem sobrenatural proporcionam grande paz e alegria, como vemos sobretudo nos mártires. Quando se está na graça de Deus, como acontece aos pacientes que se prepararam para a cirurgia recebendo os sacramentos da confissão, da comunhão e da unção de enfermos, essa paz e alegria alastra; os familiares, e cuidadores hospitalares usufruem da paciência e aceitação dos doentes que se queixam menos e agradecem os cuidados recebidos. Nestas condições, a recuperação é mais fácil e segura, graças à harmonia existente entre corpo e alma, e igualmente entre doente e cuidadores.

Também a alma pode necessitar de uma cirurgia. Refiro-me a uma confissão bem feita quando se está em pecado mortal. Vem-me à memória o caso de uma senhora que tomava a pílula para não ter mais filhos. Confessava-se a dois sacerdotes. Um dizia-lhe que não era pecado, o outro esclarecia que era pecado (e mortal), recordando-lhe a encíclica “Humanae Vitae” de Paulo VI. Numa primeira fase, ela recorria ao primeiro confessor, mas não ficava em paz. Na verdade, s sua consciência percebia que não estava a agir bem. A partir do momento em que ganhou coragem para fazer uma confissão com um decidido propósito de emenda, a sua vida espiritual progrediu muito, tornando-se mais amável e presente no trato familiar, e mais responsável e cumpridora no âmbito profissional. A boa saúde da alma contagiou a família e os ambientes em que se movimentava.

Isabel Vasco Costa