Madeira

Se houvesse uma terceira via

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Boa noite!

Há dois candidatos à presidência do Nacional. Não é mau. É aparentemente um avanço civilizacional. Mas com base no que disseram hoje, Rui Alves e Daniel Meneses arriscavam-se a ser humilhados se houvesse uma terceira via consistente, com propósitos inovadores que dignificassem a prática desportiva, o ecletismo do clube e a grandeza de uma marca que é internacional.

A ser verdade o que diz o actual presidente do Nacional sobre uma alegada prática de “ilegalidades estatutárias” por parte da lista concorrente, para além desta não ser susceptível de ir a votos, devem ser tomadas medidas impediosas para que o clube esteja a salvo de tentativas de assalto ao poder em momentos de maior fragilidade e de menor lucidez.

A ser verdade o que denunciou Daniel Meneses sobre alegadas pressões que fomentaram medo nos sócios e bloqueios que não lhe permitem sequer saber quem tem capacidade electiva, é inexplicável, embora sintomático, o medo de haver “lista alternativa”, tão normal em processos democráticos maduros e transparentes.

Um e outro cometeram equívocos primários que os sócios devem julgar. Rui Alves, assumido membro de honra da ala regional dos insubstituíveis e seguidor convicto da tribo que tem como lema “depois de mim caos”, garante que é recandidato por temer que um clube “comandado por esta gente” em muito pouco tempo se pode destruir, colocando-o “novamente na antecâmara da morte”. É grave que não tenha dado conta que o clube que lidera está a definhar há alguns anos. E não é só por causa de subidas e descidas, antes por falta de projecto desportivo transversal, adaptado aos novos tempos e tendências.

Daniel Meneses, assumido nacionalista que muitos desconhecem, lamenta “a sensação que o Nacional só pode ir a reboque de uma pessoa ou duas, e que sem essas pessoas o Nacional cai e morre” e que “tem havido falta de espaço para que os sócios possam participar, quer na vida activa do clube, quer em projectos para o próprio clube”. Enquanto sócio o que fez durante todos estes anos para além de ser cúmplice do ‘status quo’? Que massa crítica introduziu no clube para que este dependesse menos de um ou dois e se abrisse a mais, que não são tantos quantos os que se apregoam?

Com um ou com outro, a manter-se este tipo de posicionamento atentatório da essência do clube, e sobretudo da sua diversidade, o Nacional não fecha pois é feito de gente, mas corre riscos.