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Brasil desarticula rede de narcotráfico em aeroporto de São Paulo que passava por Portugal

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A Polícia Federal brasileira desarticulou hoje uma organização criminosa de tráfico internacional de drogas para países como Portugal e que era composta por funcionários do Aeroporto de São Paulo, que inseriam estupefacientes em aeronaves, informaram fontes oficiais.

Num comunicado hoje divulgado, a Polícia Federal (PF) indicou que cumpriu 90 mandados judiciais, sendo 53 de busca e apreensão, 22 de prisão temporária, 12 de prisão preventiva e três de restrição de acesso ao aeroporto, contra uma organização criminosa composta por funcionários de companhias que atuavam no Aeroporto Internacional de Guarulhos, desde, pelo menos, novembro de 2019.

Ao longo das investigações foram apreendidas mais de 1,5 toneladas de cocaína, cujos principais destinos eram cidades europeias e africanas como Lisboa, Porto, Amesterdão (Países Baixos) e Joanesburgo (África do Sul).

Em conferência de imprensa, o delegado regional de investigação e combate ao crime organizado, Marcelo Ivo de Carvalho, detalhou o 'modus operandi' da organização.

"A associação criminosa facilitava e trabalhava diretamente na introdução de estupefacientes em aeronaves que tinham por destino países europeus e africanos, como Portugal, Holanda e África do Sul. Ao todo, foram identificados 20 eventos de introdução de entorpecentes em aeronaves. Parte dessa droga foi detetada nos países de destino, em cooperação internacional com outras polícias", explicou.

No total, são investigadas 61 pessoas na operação denominada "Área Restrita II", uma das maiores ações contra a logística de tráfico de droga em aeroportos já feitas pela corporação.

"São funcionários do aeroporto, que têm acesso privilegiado e conhecimentos, que usam para burlar a fiscalização. Trata-se de uma atividade muito bem remunerada por parte do tráfico e fundamental na cadeia logística do narcotráfico", declarou ainda o delegado.

O Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, concentra o maior movimento internacional do país.

De acordo com Marcelo Ivo de Carvalho, esses funcionários que integravam o esquema de narcotráfico faziam uso, na maioria, de bagagens para a introdução dos estupefacientes nas aeronaves.

"Tiravam etiquetas de bagagens de passageiros e colocavam essas etiquetas nas bagagens com droga, que eram introduzidas em áreas restritas dos aeroportos através de quebras de procedimentos de segurança. Faziam também etiquetas manuais próprias, com objetivo de regularizar a introdução das bagagens nos aeroportos", detalhou o delegado.

"Embora essa investigação apure factos que datam de novembro de 2019, tal modalidade de tráfico vem ocorrendo há muito mais tempo no Aeroporto de Guarulhos, sendo essa a quinta e maior operação da espécie realizada pela Polícia Federal", salientou a PF em comunicado.

Os investigados responderão pelos crimes de tráfico internacional de drogas e associação ao tráfico internacional de drogas.

Apesar de não ter produção própria de cocaína, o Brasil é um dos principais pontos de passagem da droga proveniente de outros países da América Latina, com destino à Europa, e Portugal tem-se tornado numa das portas de embarque de estupefacientes para o continente europeu.

No sábado passado, a Polícia e a Receita Federal brasileiras detiveram em flagrante, no Aeroporto Galeão, do Rio de Janeiro, um homem de 24 anos que tentava embarcar para Lisboa com cerca de três quilos de cocaína acondicionados na mala.

O homem foi conduzido à Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio de Janeiro e responderá pelo crime de tráfico de drogas, cuja pena pode chegar até 15 anos de reclusão.