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E falar para os mais jovens?

Em Janeiro último realizaram-se as eleições para a Presidência da República Portuguesa. Enquanto jovem aguardei, com especial curiosidade, aquilo que os candidatos presidenciais reservariam nos seus programas para a Juventude.

Ora cheguei ao dia de reflexão, coisa que abomino, e não havia nada para refletir sobre/para as novas Gerações. Discutimos batons, o mérito ou a ausência dele relativamente à expressão portugueses de bem, mas a verdade é que chegada a hora de apontar medidas concretas para a Juventude não havia nada em concreto. Bem sei que alguns candidatos participaram em zooms e lives de Instagram e Facebook com Juventude, mas fora isso não há nada de palpável.

A tolerância, o respeito e a salvaguarda pelos alicerces da Democracia são eixos fundamentais de qualquer País livre. Mas saber que rumo é que o mais alto magistrado da nação, ou os candidatos a esse lugar, têm para as novas gerações do País que pretendem liderar também não é importante?

Marcelo Rebelo de Sousa e André Ventura, por exemplo, foram/são professores universitários. Não têm nada para dizer sobre uma Geração que assume preponderância na sua vida profissional e com quem trabalhavam/trabalham diariamente? Ou mesmo Tiago Mayan que não tem nem teve uma palavra para aqueles que tendo uma formação igual ou semelhante à sua sofrem com as arbitrariedades impostas, aquando na entrada no mercado de trabalho, pelas ordens profissionais ligadas às profissões liberais?

Já nem falo dos candidatos de esquerda que em cada intervenção justificam o porquê de ainda não termos descoberto nenhum paraíso governado pela esquerda: sobre a capa da proteção social, nivelam tudo por baixo aumentando a pobreza, precariedade e vulnerabilidade social e laboral. Desses eu não esperava nada, mas, seguramente, esperava muito mais de alguns dos outros.

Recentemente, na qualidade de Presidente da JSD/Madeira e deputado da ALRAM sendo mesmo o mais novo desta legislatura, exaltei as medidas que o Governo Regional da Madeira preparou para a Juventude em sede de orçamento. Disse também que era minha e nossa missão, enquanto representantes do Povo, pugnarmo-nos sempre pela melhoria das condições de vida daqueles que nos elegeram. No meu caso, em particular, para os mais jovens. É para isso que estou naquela casa.

Não tendo dúvidas ou receios de que na Madeira, à luz da Autonomia Política Regional, fizemos tudo o que era possível, ainda assim longe do desejável, não tenho pejo em afirmar que todos precisamos de fazer mais. E, infelizmente, a Autonomia Política que temos não nos permite, de forma estrutural, ir mais longe.

O País precisa de um projeto mobilizador que transforme e renove. Que crie oportunidades e veja, em cada jovem português, um ativo na construção do bem-comum. Os jovens só esperam uma coisa da política: oportunidades para que tudo não seja um problema, pois o que há 20 anos era simples hoje é verdadeiramente complexo.

Os jovens não querem que o acesso ao Ensino Superior seja um problema, nem que arranjar emprego o seja e, muito menos, querem que a aquisição/arrendamento de habitação seja um problema.

Ninguém quer vidas cor-de-rosa e facilitismo. Ninguém está a pedir que o Estado pague ou sequer ofereça. Pede-se apenas uma coisa: que não se percam as oportunidades de reformar um País, sem esquecer as suas Regiões Autónomas. Que se defina uma estratégia e um desígnio comum para a Habitação, Emprego, Natalidade e para a Economia 5G. Apenas e só isso. É simples! Mas algo que eu não ouvi de nenhum dos candidatos à Presidência da República.