A culpa é do Rafa

A Seleção Portuguesa de futebol (SPF) foi derrotada sem apelo nem agravo pela Sérvia tendo de vencer um play-off para apurar-se para o Mundial. Salvo raras exceções, jornalistas e comentadores de programas de TV dedicados ao futebol só agora descobriram que a SPF pratica um futebol “miserável”, como refere o jornal “A Bola” a seguir ao jogo. Mas foi apenas neste último jogo que a SPF praticou esse futebol “miserável”? Recuemos ao Campeonato da Europa de 2016 (CE2016) que Portugal venceu ao ganhar à França por 1-0 na final.

Alguém poderá afirmar que a SPF praticou bom futebol? Não.

Apenas e só um futebol monótono, sem qualquer beleza e de pouca qualidade, tal como acontece com as chamadas equipas “pequenas” no nosso campeonato que ao defrontarem Benfica Porto ou Sporting se remetem a um futebol eminentemente defensivo, com o objetivo primordial de não sofrer qualquer golo e se o acaso se lhes proporcionar, por um erro do adversário ou um qualquer pontapé de sorte de um qualquer Éder marcar um golo sem saber bem como nem porquê. Foi assim que Portugal venceu o CE2016 e daí para cá em quase todos os jogos disputados a SPF foi incapaz de apresentar um fio de jogo coerente e indicativo de uma evolução sequer do que apresentou no CE2016. Com tantos e tão bons jogadores que militam em algumas das melhores equipas do mundo o selecionador nunca foi capaz de construir uma equipa coesa e capaz de exprimir em campo o virtuosismo desses mesmos jogadores, fazendo com que a maioria deles ao jogar pela seleção pareçam ter muito menos categoria e capacidade do que quando jogam pelos seus clubes. O futebol da SPF de há muito que não é senão um espelho do receio atávico e da fisionomia carrancuda do atual selecionador, incapaz de tirar o devido proveito do potencial dos jogadores que tem à sua disposição. Culpar o Rafa, que raramente jogou, pelas exibições medíocres da SPF, não é mais do que um inqualificável descartar de responsabilidades da FPF.

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