“Nem tudo o que reluz é ouro”

Gosto de olhar para longe, para além do horizonte...Gosto de olhar para perto, para bem perto, olhos nos olhos, perscrutar o imperscrutável... descodificar trejeitos, sorrisos, silêncios ou ruídos. Não me canso e não me arrependo, pois raramente me engana o meu espírito de observação, e a decepção pouco me surpreende. Vou aprendendo (ainda aprendo) que, afinal, nem tudo o que parece é. Ou nunca foi. Porém, persisto na convicção de que ainda há tanta gente boa, gente que se dá de alma e coração, sem ânsia de protagonismo, sem amarras a caridade" por decreto", apregoada aos quatro ventos...É desta gente que precisamos. É esta gente que faz a diferença. É esta gente cuja única máscara que usa é para protecção à Covid.Porque não precisa de outras. Porque é autêntica e isso basta.

Porque se vive actualmente uma cultura de embalagem, despreza-se o conteúdo e, neste contexto, gestos genuínos de generosidade, de gratidão, reveladores de um bom carácter, são pouco valorizados, porque não causam "ruído".

O anormal, o estúpido e o grosseiro estão a tornar-se as normas culturais, consequência da sociedade aberta que somos. É só passar por determinada plataforma digital, que quase toda a gente critica mas onde todos os dias publica, para constatar isso. Não é de terceiro mundo, nem de mundo nenhum, acho eu, a falta de respeito de uns pelos outros. Nem os cinco milhões de mortos pela peste contemporânea que nos assolou conseguiu unir e tornar os seres humanos um bocadinho melhores. Porventura, talvez, piores.

Para mal dos nossos pecados, os nossos líderes políticos actuais, por mais que encham a boca com a defesa do povo, torna-se claro que o povo é apenas um pretexto, pois apenas luta (ra)m desesperadamente pelo poder.

Bastas vezes, a seriedade, vulgo banho de ética, não é prática comum ou exemplo de conduta. Casos há, dos quais fica como que um nevoeiro de impressões desencontradas, de memórias incómodas, de resquícios de remorsos que se desvanece quando somos confrontados com situações um tanto ou quase obtusas e que nos são apresentadas como factos consumados. Continuam a passar-nos atestados de incompetência e de ausência de total massa crítica, como se fôssemos seres desprovidos de inteligência. Nos últimos anos a nossa confiança nestes "ilustres" foi arrasada e não se perspectiva, a breve trecho, que a situação se altere, muito menos em tempos tão conturbados como os que atravessamos.

Façam os seus "joguinhos" de bastidores mas, por favor, não insultem a nossa inteligência.

Madalena Castro