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'Liturgia dos Pássaros' encantou Teatro Municipal Baltazar Dias

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O Teatro Municipal Baltazar Dias recebeu ontem a 'Liturgia dos Pássaros', uma homenagem a Olivier Messiaen, nos 110 anos do seu nascimento, com Daniel Bernardes, Drumming Grupo de Percussão, António Augusto Aguiar e Mário Costa.

Daniel Bernardes tomou contacto com a música de Olivier Messiaen na adolescência, ainda em contexto formativo, desenvolvendo desde logo um fascínio imediato pela 'Sinfonia Turangalîla'. Embora Messiaen nunca tenha trabalhado ou demonstrado particular interesse pelo mundo do jazz, era famoso pelas suas improvisações nomeadamente por ocasião das missas na Igreja da Santa Trindade em Paris onde, ao órgão, improvisava de acordo com os diferentes momentos da cerimónia.

Este aspecto, aparentemente irrelevante, é importante para perceber uma certa proximidade, sobretudo harmónica, com os paradigmas do jazz tradicional. O jazz tira partido dos antigos modos Gregos e Messiaen e, seguindo o mesmo paradigma, cria o seu universo harmónico através da construção dos seus próprios modos.

Esta proximidade de natureza faz com que a linguagem harmónica de Messiaen se torne um caminho possível para o jazz contemporâneo, podendo os modos de Messiaen servirem de complemento aos recursos harmónicos proporcionados pelos modos gregos.

Foi por esta razão que Daniel Bernardes, tendo durante anos estudado a linguagem do jazz, se lançou a explorar as possibilidades do sistema harmónico de Messiaen.

Com este propósito dirigiu o convite ao Drumming Grupo de Percussão, o mais importante ensemble de percussão do panorama musical português, convite este prontamente aceite pelo seu Diretor Artístico, Miquel Bernat. A completar o trio jazz o baterista Mário Costa, um dos mais requisitados bateristas portugueses com colaborações com nomes como Wynton Marsalis, Joachim Kuhn, Hugo Carvalhais assim como a famosa fadista Ana Moura.

No contrabaixo lugar a António Augusto Aguiar, contrabaixista de referência do meio do jazz com inúmeras colaborações com as principais figuras do jazz nacional, mas também música contemporânea, nomeadamente o Remix Ensemble onde é o contrabaixista titular. 

Neste projecto, Bernardes lançou-se ao desafio de escrever música segundo as técnicas e estética de Messiaen que depois mistura com o seu jazz contemporâneo, uma experiência inédita e onde prestou homenagem ao mestre Francês.