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Sem sensibilidade e sem bom senso

Escrevo este artigo num dia triste. Não pela vitória de Marcelo que foi justa e que, apesar de alguns reclamarem que ganharam com ele, a verdade é que o Professor ganhou sozinho e por mérito próprio. E isso ficou claro na noite eleitoral de ontem. Foi um homem só que nos apareceu do início ao fim, enquanto que à margem foram aparecendo os oportunistas a reclamarem uma vitória que não tiveram. Mas é um dia triste pelo crescimento da extrema-direita racista, xenófoba e fascista em Portugal e também na Madeira.

Este crescimento assustador de alguém que tem a infâmia colada a tudo o que defende, tem muitas razões, algumas delas ligadas à falência dos partidos tradicionais e à sua falta de sensibilidade e de bom senso, à sua agenda mais a pensar nos interesses próprios do que no interesse do povo. Partidos que vivem na ilusão de que o seu discurso, muitas vezes sustentado na mentira e no ilusionismo político barato, ainda colhe alguma coisa.

Eu conheço alguns destes ilusionistas de bancada. Aqui pelo meu concelho, por exemplo, há um PSD que tem vindo a perder inteligência política, mas, pior do que isso, tem vindo também a perder sensibilidade social.

É vê-los por aí a reclamarem que são o único partido que faz obra em Santa Cruz. Escolheram foi mal o sítio para reclamarem a mentira que pretendem vestir de verdade. A rotunda da Cancela foi uma obra proposta pela Câmara ao Governo. E seria uma obra a realizar por nós, não fosse o Governo, e bem, ter chamado a si a obra pela complexidade da mesma e pela proximidade à via-rápida. Mas, como em outras alturas, o que interessa é mentir, ocultar, enganar. Mesmo quando existem obras em curso que não são do PSD, e mesmo quando algumas delas foram para a frente sem o apoio prometido pelo Governo, ou seja pelo PSD, como é o caso do Largo da Achada. E como será o caso de tantas outras como a requalificação da promenade dos Reis Magos e a repavimentação de muitas estradas em todo o concelho. Dizer o contrário é a tal falta de inteligência política que cada vez mais abunda no PSD.

E a esta falta de inteligência política junta-se a perda da sensibilidade social, quando não se considera obra o tanto que em Santa Cruz se tem feito nesta área. Tem sido a Câmara e não o PSD e o seu Governo a implementar medidas sociais que nunca o PSD implementou nas sucessivas décadas que esteve no poder em Santa Cruz. Implementámos um Fundo Social de Emergência que ajuda muitas famílias, um programa de bolsas de estudo sem precedentes, o acesso gratuito ao medicamento, um programa de apoio à recuperação de habitações, um programa de ajudas técnicas a quem precisa delas para ter mais qualidade de vida, um programa de ajuda à realização de pequenas cirurgias para os que nunca obtiveram essa resposta por parte do sistema regional de saúde do tal PSD que diz ser o único a fazer obra em Santa Cruz. E tudo porque esta gente sem vergonha na cara e sem memória deve achar que o social não é obra, e deve achar que o povo não está ver. Mas o povo está a ver e também está a ver que essas atordoadas têm sido proferidas por uma personagem que, até há bem pouco tempo, elogiava o trabalho que se está a fazer em Santa Cruz, mas que mudou de opinião mal foi presenteado com um lugar de deputado na Assembleia pelo seu agora querido PSD.

Haja sensibilidade e bom senso e, já agora, haja também vergonha e decência.

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