Madeira

Há 44 anos o DIÁRIO fazia força pela ampliação do Aeroporto da Madeira

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Ainda que na primeira página não fosse dada, necessariamente, a importância que o tema tinha e viria a ter nos meses e anos seguintes, a verdade é que nesta edição de 21 de Janeiro de 1977 longe se estaria de imaginar que o tamanho da pista seria decisiva, além do erro humano e das condições atmosféricas, para o maior acidente da aviação civil portuguesa até à data, ocorrida pouco menos de 10 meses depois.

A verdade é que apesar de não ser na primeira página, o tema estava na última página, que muitas vezes é a 'segunda cara' de um jornal, com o título "A ampliação do Aeroporto do Funchal". E escrevia-se, a partir de Lisboa, estas palavras: "Uma das mais importantes reivindicações do povo madeirense, talvez mesmo a que maiores perspectivas de desenvolvimento sócio-económico apresenta em relação ao futuro a curto prazo, é sem dúvida (pelo menos por nossa parte assim o entendemos) a ampliação do Aeroporto do Funchal."

E continuava: "Enquanto o Aeródromo de Santa Catarina oferecer as actuais limitações de espaço para aterragem e estacionamento, a maioria dos planos de desenvolvimento do turismo sofrerão cortes importantes pois não é possível fazer aterrar ali as grandes aeronaves e ao mesmo tempo dispor de espaço útil para as mesmas estacionarem".

O texto continua, frisando que a ambição passava por ter uma pista maior do que os 1.600 metros, e em Lisboa o Governo central dava passos para concretizar esse projecto, chamando projectistas a apresentarem propostas, com duas hipóteses sobre a mesa, a ampliação para os 1.850 metros ou os 2.350 metros", frisava o nosso correspondente já na página 4 (continuação do texto), garantindo que "os estudos que se encontram feitos sobre a ampliação do Aeroporto de Santa Catarina consideram a opinião de representantes da população madeirense, das unidades hoteleiras e das companhias de aviação".

Hoje, passados 44 anos e depois da ampliação que viria apenas começar em 1982 e terminada em 1986 para os 1.800 metros, obra para ser inaugurada pelo então presidente da República Ramalho Eanes, a 1 de Fevereiro, bem como à actual configuração da pista para os 2.781 metros, parte dela sob os afamados e premiados pilares (inauguração a 15 de Setembro de 2000), o aeroporto cumpre todas as pretensões dos madeirenses, excepto quando os ventos cruzados ou o nevoeiro sob a pista não facilitam a sua operacionalidade. Hoje ainda se luta por melhorar essa vertente.

Mas essa edição de 21 de Janeiro de 1977 tinha muito mais para descobrir, entre os quais destacamos:

A tomada de posse do 39.º presidente dos EUA, Jimmy Carter (1977-1981) e que prometia "uma nova Era" no país, tal como o 46.º (Joe Biden) que acaba de ser empossado;

Também o aumento dos preços da gasolina que levaram a uma corrida às bombas de combustível;

A audição do então Presidente da República Ramalho Eanes ao na altura apenas líder do PSD, Francisco Sá Carneiro, futuramente primeiro-ministro da primeira Aliança Democrática no país;

O anúncio da candidatura do futuro 'Maire' (presidente da Câmara) de Paris, Jacques Chirac que, 18 anos depois, viria a ser Presidente de França por 12 anos (1995-2007);

E, ainda, mais regionalizado, a promessa de um "cabaz de compras" para compensar a crise económica que se atravessava;

E as decisões da reunião da Câmara Municipal do Funchal de 11 de Novembro de 1976, cuja Comissão Administrativa era presidida por Virgílio Pereira, que à altura desta edição já tinha sido eleito democraticamente (a 12 de Dezembro) e empossado (a 7 de Janeiro de 1977), mas com várias curiosidades, entre as quais a memória de que a actual UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) teve uma antecessora, a União das Mulheres Anti-Fascistas e Revolucionárias (até 1989), na altura à procura de uma sala para se reunir.

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