Madeira

“A agricultura é para quem gosta. Não é para quem quer”

Conclusão do jovem agricultor dono da maior plantação de banana biológica na Madeira

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A maior exploração agrícola de banana biológica da Madeira, cerca de 40 mil metros quadrados de socalcos na vertiginosa encosta da Ribeira Funda, na frente-mar da freguesia do Estreito da Calheta, é uma arrojada aposta de Adriano Fernandes Ferraz, um jovem agricultor que há uma década frequentou o curso de Formação Profissional de Empresário Agrícola.

Desde então que o jovem empresário tem vindo a expandir a área de plantação que explora e que esta manhã recebeu a visita do presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque.

Oriundo de uma família de agricultores, Adriano Ferraz herdou o gosto pela terra que tem passado de geração em geração, razão para deixar claro que “a agricultura é para quem gosta. Não é para quem quer”, avisa.

“Isto já vem da tradição de família. Sempre tive o gosto pela terra e nessa altura – quando tirou curso de jovem agricultor - achei que era a altura ideal para dar início a um novo projecto e dar um novo rumo à vida. As coisas foram-se proporcionando ao longo dos anos e fomos evoluindo. Fomos acompanhando a evolução da agricultura e também o Governo Regional e as entidades proporcionaram aos agricultores que investissem e modernizassem as suas explorações, porque a agricultura hoje em dia é um sector importantíssimo aqui na Região”, afirma.

E porque “não há que enganar”, considera que a Agricultura é também factor muito importante para a atractividade turística, neste caso pelo contributo que oferece na humanização da paisagem.

“O turista que vem cá gosta de ver os terrenos cultivados, gosta de ver as paredes [dos socalcos] a pedra” razões para assinalar a “mais-valia” que envolve estes dois sectores, Agricultura e Turismo, e fazer votos que cada vez mais ambos os sectores estejam “de mãos dadas” e assim garantir valor acrescentado à atractividade turística que o mundo rural na Região oferece em relação à concorrência. Ressalva contudo que a agricultura “é para quem gosta e para quem gosta de trabalhar”, sublinhou.

Adriano Ferraz recordou que o projecto hoje com honras de visita presidencial “começou com uma área de sensivelmente 12 mil metros [quadrados] de banana e talvez uns mil metros [quadrados] de maracujá. Depois foi crescendo, continuando com banana”, produção esta que continua a ser a principal, mas já adiantou que vai “apostar agora também um pouco nas fruteiras. Na pera abacate e no mango”, mas neste caso não na Calheta mas numa outra exploração no concelho de Santana, confiante que a agricultura “é um sector que ainda tem muito para dar”, garante.

De resto, à chegada do presidente do Governo, o jovem empresário agrícola, que se fez acompanhar da filha, lembrou a Miguel Albuquerque que ser agricultor é "não ter férias" nem poder se socorrer da alternativa do teletrabalho.

Proprietário de uma das maiores explorações de produção biológica da Madeira que conta com oito funcionários, a média de produção anual, toda biológica, ascende às 85 toneladas de banana, aos 6.000 Kg de maracujá e aos 500 quilos de manga.

O empresário candidatou-se e beneficiou de apoio por parte do PRODERAM. O projeto aprovado contemplou investimentos em 8 parcelas totalizando 34.800 metros quadrados de área agrícola. As parcelas encontram-se dispersas no concelho da Calheta (6) e concelho de Santana (2).

No total, o empresário introduziu, nas parcelas em causa, o modo de produção biológica nas seguintes culturas: 12.000m2 de bananeiras; 3.000m2 de abacateiros; 17.000m2 de abacate; 5.000m2 de manga; 1.000m2 de figo e 3.000m2 de papaia.

Os investimentos incluíram, entre outros, a implementação de 17.000m2 de latada para instalação do maracujá, construção de 4 reservatórios com capacidade total para 449m3 e de dois armazéns agrícola e reconstrução de 1 armazém, acessos viários internos às parcelas, num total de 1.038m2, 1.119m2 de vedação, instalação de sistemas de rega por aspersão para as bananeiras e de gota a gota para as restantes fruteiras

O investimento ascendeu a 431 mil euros.

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