Madeira

Cancelamento do Carnaval apoiado

Turma do Funil e Sorrisos de Fantasia concordam com decisão em nome da saúde

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Foto Arquivo

‘Madeira Alegria e Folia’ era o tema do Carnaval 2021, uma festa que não se vai realizar devido à pandemia de covid-19. A decisão não surpreendeu pelo menos as duas trupes contactadas pelo DIÁRIO, que reagiram à manchete de hoje recordando que a saúde vem primeiro e carnavais haverá mais. O medo era que o cancelamento chegasse demasiado em cima doa acontecimento, felizmente para quem anda nestas lides, chegou a tempo de evitar gastos desnecessários e trabalho inglório.

Madeira cancela Carnaval

Cartaz oficial, que iria decorrer entre os dias 10 e 21 de Fevereiro, fica sem efeito

Rúben Santos , 31 Dezembro 2020 - 07:00

Tanto Cecília Atanásio, como Ricardo Mendes reconhecem a dificuldade de preparar um Carnaval nas condições actuais e com o número de casos da nova doença a aumentar diariamente também na Madeira.

“Estou plenamente de acordo”, afirmou a porta-voz da Turma do Funil uma das mais antigas a desfilar no Funchal, adiantando que já estava à espera, tendo em conta a situação a nível mundial. “Já quando foi a Festa da Flor eu fui uma das pessoas que estavam com muito medo de a realizar”.

Cecília Atanásio diz que foi uma decisão “muito, muito acertada”, por parte da Secretaria Regional do Turismo e Cultura e que depois do cancelamento do Carnaval do Brasil, o cancelamento do da Madeira chegou com naturalidade e com sentido de responsabilidade.

A decisão de não levar para a rua milhares de pessoas, as que desfilam e as que assistem, tem impacto nos grupos, que já tinham submetido as candidaturas. A decisão dos que iriam participar este ano não chegou a ser anunciada, mas Cecília Atanásio já estava a trabalhar no projecto, embora em termos de investimento financeiro tinha apenas reservas para compras, que agora serão canceladas. “Não importa. Acho que a segurança das pessoas (…) é mais importante do que o Carnaval. Não se faz este ano, faremos noutros anos, melhor”.

A Turma do Funil leva cerca de uma centena e meia de elementos à rua para sambar. Há mais de 30 anos que o faz e este será o primeiro Carnaval que a trupe vai descansar. “Se é para estarmos com medo e segurança acho que é melhor cancelar e depois quando houver melhoras, então aí fazemos com força”.

Sobre a Festa da Flor, Cecília Atanásio não sabe se terá o mesmo desfecho da de 2020. Diz já que está contra o novo modelo. “Não gostei nada”, desabafou. E explicou que trabalham com flores naturais, que têm de ser trabalhadas na hora. Além disso, recorda que o tempo de espera entre actuações não é compatível com um projecto com crianças. E diz que prefere que não haja Festa.

Ricardo Mendes também concorda com o cancelamento do Carnaval, sobretudo quando antecipa um aumento do número de casos em Janeiro. “Claro que ficamos tristes, é uma coisa que fazemos há muitos anos e gostamos de fazer, mas primeiro a segurança da população.”

O mentor da trupe Sorrisos de Fantasia diz que o prazo já estava a ficar apertado para a realização do Carnaval 2021, que este ano é mais cedo, é daqui a um mês e duas semanas. A decisão tinha por isso de ser tomada agora.

“É uma coisa que eu sinceramente já estava à espera”.

“Acho que faz sentido”, afirmou, embora “com muita pena”. “A contaminação na comunidade é um fósforo”, lembrou.

Ricardo Mendes fez o projecto para candidatar, começou em Outubro para cumprir o prazo de entrega da candidatura no início de Dezembro. Tudo o resto só faz depois de ter a resposta oficial de que vai entrar no cortejo. Em outros anos isso poderia significar correr um pouco mais, nesta situação concreta significou menos trabalho deitado fora. Ou não. Se a Secretaria mantiver o tema na próxima edição, os grupos poderão usar o que já está feito. Caso contrário será um recomeçar do zero.

Em termos financeiros, a não realização do Carnaval tem impacto, há pessoas que não vão receber porque este ano não vão realizar o trabalho, como os autores das coreografias, as costureiras e as lojas onde são comprados os tecidos. Mas não é um negócio, garante Ricardo Mendes, que lidera o grupo de aproximadamente 130 pessoas, “Acredito que já tenha sido mais do que agora porque os orçamentos são diferentes de há 15, 20 anos, em que os subsídios eram maiores”.

O prazo para entrega de propostas para a Festa da Flor termina em Janeiro e também sobre este cartaz não há certezas. A diferença é que esta festa pode ser adiada. “Esperemos que até lá as coisas estejam mais dentro de controle, porque é complicado, até para nós, as pessoas que trabalham, estamos em contacto com as pessoas.” E basta um elemento infectado para que todo o projecto fique pelo caminho, lembrou.

“Eu acho que é importante trabalhar na prevenção e não tentar remediar depois as coisas”, defendeu.

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