Madeira

Acusações de "eleitoralismo" e de "ignorância" acentuam divergência entre PSD e CDS

Com a abstenção da oposição (CDS e PS), Orçamento e Plano de Câmara de Lobos aprovados pelo PSD

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O Orçamento e o Plano para 2021 no Município de Câmara de Lobos foi hoje aprovado, em Assembleia Municipal ‘digital’, com os votos favoráveis da maioria PSD. A oposição absteve-se, mas o CDS não se livrou de ser fortemente criticado pelos social-democratas.

Na sessão realizada por videoconferência, o presidente da Câmara, Pedro Coelho, defendeu o que classificou de “orçamento de esperança”. Porque importa também “tratar da economia” depois de tratar da epidemia, considerou “importante que o município continue a apostar no investimento público” e em particular na construção civil, sector que “está a segurar muito o emprego na Região” e assim continuar a “dar trabalho às pessoas”. Economista de formação, o autarca entende que o caminho a seguir é “ajudar quem precisa, mas com foco muito grande no investimento público”. Aliás, numa última tentativa de (tentar) convencer CDS e PS, considerou que “pelo menos na gestão do investimento todos nós deveríamos ser unânimes” por entender que além de apresentar um plano de investimentos “transversal” a todas as freguesias do concelho, não haverá ninguém que não queira a concretização dos mesmos.

Depois de deixar claro que “a saúde financeira do município nem é boa nem é má: é estável”, Pedro Coelho abordou a fiscalidade para adiantar resposta ao CDS, que reclama a devolução total do IRS, não apenas para deixar claro as realidades de municípios como Santana (governado pelo CDS) e Câmara de Lobos são incomparáveis, mas mais do que isso, “não há nenhum concelho de média dimensão – como é o caso de Câmara de Lobos - que devolva a totalidade do IRS”. Argumentou também que “Câmara de Lobos é o concelho per capita onde se paga menos IMI”.

Concluiu a intervenção com uma confissão: “Este não era o orçamento (23M€) que eu queria fazer. O orçamento que eu queria fazer, se calhar, 100 milhões não dava”.

Na bancada do PSD, coube a Alejandro Gonçalves, reforçar que a proposta de orçamento “acima de tudo garante que a pandemia tenha o menor impacto possível nas pessoas” ao mesmo tempo que permite “afirmar que Câmara de Lobos como um território competitivo e sustentável”. Por valorizar as pessoas e os investimentos, para o PSD é “um bom orçamento tendo em conta as circunstâncias”, que ainda assim “poderá ser necessário adaptar à realidade”. Alejandro deixou mesmo a recomendação que “se a pandemia se agravar a autarquia não deve avançar com o volume de obras prevista”.

O PS, representado apenas por Patrícia Agrela, não escondeu a “satisfação” por ver no orçamento “várias medidas positivas”, ‘beliscando’ apenas a questão dos impostos, por entender que poderia “ir mais longe”, nomeadamente no IMI, onde reclamou “pelo menos uma descida de uma décima”.

Mais crítico foi o CDS, que até começou por admitir que “se estivéssemos num ano dito normal, este seria um óptimo orçamento”. Contudo as “muitas incertezas” levou Maurício Rodrigues a declarar que o orçamento de Câmara de Lobos “não acompanha a realidade em que vivemos”. Com o argumento que o desemprego está a aumentar e poderá se agravar em 2021, contestou o “orçamento eleitoralista” que privilegia as obras e praticamente ignora a vertente social. ‘Meteu ao barulho’ o aviso feito instantes antes pelo eleito do PSD, que é gestor da HF. Alejandro não gostou e contra-atacou o autarca do CDS. Acusou-o de revelar “grande ignorância no que toca à gestão”, e por isso “é melhor não abrir a boca”, aconselhou.

Não foi o único do PSD a ‘cair em cima' do CDS.

Com a garantia que “o orçamento é uma previsão ajustada aos novos tempos” e que “se isto começar a apertar muito, se os apoios sociais forem necessários, nós vamos fazer opções”, Pedro Coelho atacou as “várias contradições” da intervenção do CDS. “Espanta-me que critique a câmara municipal de querer investir e não critique o seu e o meu governo (GR) de fazer o mesmo”, atirou.

Sobre a redução de 0.1 defendida para o IMI, esclareceu que tal equivale a 60 mil euros, montante que a dividir pelos 11.000 contribuintes, para estes, “é dinheiro para um café”, disse. “Não é melhor pegar nesses 60 mil euros e fazer obra?”, questionou, para logo classificar de “irracional” e “populista” a postura dos centristas locais.

Desafiou de resto o CDS a agir com coerência e indicar qual a obra a ser sacrificada para permitir baixar o IMI. “Tem de ser coerente. O covid não parou na ribeira dos Socorridos”, atirou. E deixou um aviso: “Quem está a perder o eleitorado não é o PSD, é o CDS, que não protege a classe média (…) Temo que o CDS com este discurso do subsídio, do apoiozinho e do cabaz, perca o seu eleitorado”.

Celso Bettencourt, presidente da Junta de Freguesia de Câmara de Lobos (PSD), não deixou de também alertar a oposição que baixar o IMI significa retirar verba aos “orçamentos magros, esqueléticos por vezes” da autarquia.

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