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Papa considera “repugnante” ideia de que terroristas suicidas sejam chamados mártires

Sumo Pontífice da Igreja Católica diz que esse tipo de actos “em nada se aproxima do comportamento dos filhos de Deus”

Foto EPA/GIORGIO ONORATI
Foto EPA/GIORGIO ONORATI

O papa Francisco afirmou hoje ser “repugnante” que os terroristas suicidas possam ser considerados mártires, argumentando que esse tipo de atos “em nada se aproxima do comportamento dos filhos de Deus”.

“É repugnante para os cristãos a ideia de que os terroristas suicidas possam ser considerados mártires. Não são mártires”, frisou Francisco, ao falar na tradicional audiência geral que mantém com os fiéis na Praça de São Pedro, no Vaticano.

Mais tarde, e já numa mensagem dirigida aos fiéis em castelhano, Francisco defendeu que os mártires não vivem para eles próprios nem combatem para afirmar as ideias, aceitando morrer apenas por “fidelidade ao Evangelho”.

“Por isso, não se pode utilizar a palavra ‘mártir’ para nos referirmos aos que comentem atentados suicidas, porque a conduta nada tem a ver com a manifestação de amor a Deus e ao próximo”, sustentou.

O papa de origem argentina evocou os mártires do passado e os atuais, que, no seu entender, “são mais do que nos primeiros tempos do Cristianismo”, recordando que as histórias a eles associadas “surpreendem pela forma forte e determinada como enfrentaram a prova” da morte pela fé.

“Os cristãos amam, mas nem sempre são amados, porque são homens e mulheres que vão contra a corrente”, referiu, relembrando a frase de Jesus Cristo, incluída no Evangelho de Mateus: “Sereis odiados por todos por causa do meu nome”.

“É normal, já que o mundo está marcado pelo pecado, que se manifesta de várias formas de egoísmo e de injustiça. Quem segue Cristo caminha na direcção contrária, não por um espírito polémico, mas por fidelidade à lógica do Reino de Deus”, defendeu.

Face a este cenário, prosseguiu Francisco, “a verdadeira derrota” para o cristão é “cair na tentação da vingança ou da violência, respondendo ao mal com o próprio mal”.

“Os cristãos devem estar sempre na outra vertente do Mundo eleita por Deus, não como perseguidores, mas como perseguidos, não como arrogantes, mas como tranquilos, não como vendedores de fumo mas sim subjugados à verdade, não como impostores mas como honestos”, terminou Francisco.