Madeira vai perder mais de 136 mil habitantes até 2100
A quebra populacional nos próximos 75 anos será de 52,5%
Em 2100, a Região Autónoma da Madeira (RAM) deverá ter apenas 123,3 mil habitantes, ou seja, perderá mais de metade da população em 75 anos. O exercício de projecções de população residente entre 2025 e 2100 aponta também para uma intensificação do envelhecimento demográfico.
Os dados foram publicados pela Direcção Regional de Estatísticas da Madeira com base no estudo do Instituto Nacional de Estatística (INE), que disponibilizou hoje os resultados do mais recente exercício de Projecções de População Residente 2025-2100, desagregadas por sexo e por idade, para Portugal e regiões NUTS II.
A evolução da população na RAM acaba por seguir a tendência decrescente nacional. “No cenário central, prevê-se que a população madeirense passe de 259,4 mil pessoas, em 2024, para 123,3 mil pessoas em 2100”, observa a DREM. Isto significa que neste período de 75 anos, a população da Região deverá ser reduzida em 52,5%, significando uma perda de cerca de 136,2 mil pessoas.
"No cenário baixo, a perda populacional será ainda mais acentuada, em resultado da redução dos níveis de fecundidade e da manutenção de saldos migratórios muito baixos, podendo a população residente na Região descer para 91,3 mil pessoas em 2100!, analisa a DREM, com base nas projecções da evolução demográfica.
Já no cenário alto, o decréscimo será menos pronunciado, sobretudo devido a uma recuperação dos níveis de fecundidade em conjugação com saldos migratórios positivos mais elevados, projectando-se, ainda assim, um decréscimo da população residente para 158 mil pessoas em 2100, acrescenta a DREM.
No cenário sem migrações, onde se admite a possibilidade, pouco provável, de inexistência de fluxos migratórios e em que as hipóteses de evolução da fecundidade e da mortalidade são as adotadas no cenário central, seria de esperar, em 2100, uma população residente de cerca de 121,7 mil de pessoas.
Para além do declínio da população, "são de esperar alterações profundas na estrutura etária da população da RAM, isto porque a tendência de envelhecimento demográfico deverá acentuar-se na Região nas próximas décadas", sublinha a DREM.
Menos 62% de crianças e jovens
Entre 2024 e 2100, na Região, o número de jovens (0-14 anos) diminuirá de 31,0 mil para 11,8 mil, ou seja, uma quebra de 62% no número de crianças e jovens. Já quanto ao número de idosos (65 ou mais anos) diminuirá de 55,3 mil para 52,0 mil, de acordo com o cenário central de projecção.
No mesmo cenário, a população em idade activa (15-64 anos) poderá diminuir em cerca de 114 mil pessoas, passando de 173,1 mil, em 2024, para 59,5 mil, em 2100.
Índice de envelhecimento mais do que duplica em 75 anos
Face ao decréscimo mais acentuado da população jovem do que da população idosa, o estudo indica um forte agravamento do índice de envelhecimento na RAM, que, no cenário central, aumentará de 179, em 2024, para 442 idosos por cada 100 jovens (mais que duplicando) em 2100. No País, este índice passará de 192 para 316, atingindo em 2100 um valor inferior ao da Região.
Em igual período e cenário, o índice de sustentabilidade potencial (quociente entre o número de pessoas em idade ativa e o número de pessoas com 65 ou mais anos) sofrerá uma profunda redução de 313 para 114 pessoas em idade ativa por cada 100 idosos. Para o conjunto do País, este índice diminuirá de 259 para 136 pessoas em idade ativa por cada 100 idosos." DREM
De acordo com o cenário central de projecção, entre 2024 e 2100, o índice sintético de fecundidade, que mede o número médio de filhos por mulher em idade fértil (15-49 anos), deverá aumentar de 1,25 para 1,36, acompanhando a tendência de crescimento verificada no conjunto do País (de 1,40 em 2024 para 1,50 em 2100).
No mesmo cenário, a esperança de vida à nascença dos homens deverá aumentar de 75,87 anos em 2024 para 86,70 anos em 2100. Igualmente, espera-se um aumento da esperança de vida à nascença das mulheres de 82,08 anos para 92,11 anos. No País, a esperança de vida à nascença dos homens aumentará de 78,73 anos em 2024 para 90,38 anos em 2100, e a das mulheres passará de 83,96 anos para 94,14 anos.
Envelhecimento da população agrava-se com destaque para Madeira, Açores e Norte
O envelhecimento da população em Portugal vai agravar-se até 2060, com destaque para as ilhas da Madeira, Açores e o Norte, onde haverá mais de 400 idosos por cada 100 jovens em 2100, segundo uma projeção do INE.