Que este Natal transforme todas as lágrimas em sorrisos

O Natal chega e traz com ele a saudade...É um tempo cheio de luz, mas dentro de muitos de nós, os que perderam recentemente seus entes queridos, a maioria dos quais levados por um maldito cancro, alguns “cantos “permanecem escuros. Eu também perdi alguém. O coração tenta sorrir, mas acusa a falta de quem não volta ,as lágrimas lavam as memórias, mas não apagam a história. É impressionante como damos tudo por adquirido e nada nos pertence. Vivemos na ilusão de que podemos controlar o incontrolável. A vida é-nos tantas vezes madrasta, leva embora pessoas que queríamos sempre connosco, que nunca pensávamos perder. É impossível não sentir esse vazio e há horas em que a saudade grita, sufoca e pesa. Eu tento seguir em frente ,mas há dias em que o coração insiste voltar para trás. Mesmo sabendo que a vida continua, muitas vezes tudo o que eu queria era voltar no tempo...

O Natal é (devia ser)também tempo de partilha, de Esperança, de Solidariedade.... Pergunto-me tantas vezes o que foi que nos aconteceu. As pessoas parecem estranhas, já mal reconhecem a força da amizade, vergadas pelo peso dos seus próprios interesses. Falar com algumas é, literalmente, caminhar sobre vidro. Cada passo corta, cada gesto cansa. O conforto de poder confiar cegamente as nossas fragilidades a quem as pudesse guardar com segurança, quase se apagou. São tão poucas as pessoas que acolhem os nossos silêncios, entendem nossos medos e angústias e não as desvalorizam.

Quando e onde se perdeu o sentido de humanidade e se banalizou o uso excessivo de máscaras segundo as próprias conveniências?

Pessoalmente, gosto de gente de verdade, de quem é inteiro, de quem não joga, não mede nem calcula cada gesto. Gosto de quem olha nos olhos e não desvia, de quem abraça com presença, porque é a verdade que sustenta, é a simplicidade que aproxima e é a verdade que faz valer a pena. O resto é apenas “folclore”, estejamos no Natal, ou não.

Que a nossa vida faça sentido enquanto cá estamos. Que ajudemos as pessoas que conseguirmos evitando palcos e plateias desnecessários e, preferencialmente, longe dos holofotes da vaidade e do espectáculo gratuito. A verdadeira” caridade”, (tão propalada nesta época) deve ser surda e cega.

Sejamos sérios, humildes e humanos, porque a única certeza que temos é que um dia também partiremos.

Que os nossos “pedidos” de Natal sejam presentes que não se encontram à venda: abraços, ombros que segurem e corações onde possamos ser inquilinos sem prazo de validade.

Que este Natal seja testemunha de muitas bênçãos de saúde, alegria e paz .

Aos leitores, em geral , aos colaboradores e ao Exmo. sr. Director do Diário de Notícias em particular, endereço os meus votos de Feliz Natal e um Obrigada pela publicação dos meus “rabiscos”.

Próspero 2026.

Madalena Castro