A Vassalagem da FIFA a Trump
Quais são afinal os objectivos desta atribuição do prémio de paz a Trump?
Em Novembro de 2025, a FIFA justificou a distinção afirmando que se destinava a “indivíduos que, através de compromisso inabalável e acções especiais, contribuíram para unir pessoas e promover a paz e a unidade no mundo”
Na minha opinião, Trump não cumpre estes critérios. Os seus actos contrariam aquilo precisamente que um prémio da paz deveria reconhecer.
Esta distinção parece ter sido concebida para agradar ao próprio Trump e, como é óbvio, levanta sérias dúvidas sobre a neutralidade do processo. Mais parece uma homenagem pessoal do que um prémio genuíno. Tudo isto é, no mínimo questionável.
Faltou transparência e não foram divulgados critérios públicos. Não se sabe quem decide quem selecciona os vencedores, nem se houve outros candidatos considerados.
Existe uma contradição gritante entre o perfil do premiado e o historial das suas políticas repressivas, especialmente sobre a imigração, aos direitos civis e à liberdade de expressão.
Assiste-se, no futebol, uma politização oportunista. O desporto não pode nem deve envolver-se de forma tão directa na política.
Com tudo isto, o prémio ao contrário de ganhar relevância, perdeu grande parte valor simbólico.
Trump agradece este prémio que funciona como uma forma de branqueamento, numa altura em que enfrenta fortes críticas internacionais, sobre a repressão da imigração, pelas detenções e violações sistemáticas de direitos humanos, bem como a sua posição ambígua em relação a Putin.
Cabe à FIFA assumir um compromisso claro e efectivo com os direitos humanos.
Carlos Oliveira