Kosovo vai às urnas para eleições legislativas antecipadas no domingo
O Kosovo vai às urnas para as eleições antecipadas no domingo, após o falhanço dos partidos em conseguir formar um novo Governo com base nas legislativas realizadas em fevereiro.
Em 20 de novembro, a Presidente kosovar, Viosa Osmani, anunciou a data das eleições antecipadas.
O dia 28 de dezembro era "a única data possível" para organizar estas eleições, declarou então a Presidente kosovar à imprensa, após uma reunião com os líderes dos partidos políticos.
As anteriores eleições parlamentares realizaram-se em 09 de fevereiro. A Constituição do Kosovo só permite duas votações para a formação do Governo.
Após meses de crise política no Kosovo, o partido Vetevendosje (Autodeterminação) candidatou o atual primeiro-ministro, Albin Kurti, ao cargo na primeira votação, mas, sem conseguir alcançar a maioria, propôs Glauk Konjufca.
A Presidente encarregou Konjufca de formar governo em 04 de novembro, mas este recebeu os mesmos 56 votos que foram dados a Kurti primeira votação, realizada em 26 de outubro.
Desde as eleições de fevereiro, o Kosovo tem estado num impasse político total e as eleições antecipadas poderão modificar esta situação, desde que seja encontrada uma maioria clara.
O Vetevendosje, que governa o Kosovo há mais de cinco anos, não obteve uma maioria absoluta para permanecer no poder, desencadeando-se um cenário de instabilidade política.
O partido - filiado ao Partido Socialista Europeu - conseguiu então 42,30% dos votos, seguido pelo Partido Democrático do Kosovo (PDK), com 20,95%.
A convocação de eleições antecipadas ocorrerá no meio de um cenário económico difícil no Kosovo, com o Orçamento de 2026 pendente de uma aprovação quase impossível.
Kurti, 50 anos, no poder desde 2021, não tem outra escolha senão regressar à campanha e tentar obter um melhor resultado no próximo escrutínio. Mas o "Che Guevara do Kosovo", como é conhecido, está longe de ser um novato na política e ainda pode contar com uma sólida popularidade.
Após um primeiro e breve mandato à frente do governo entre fevereiro e junho de 2020, o movimento de Kurti venceu as eleições no ano seguinte, com mais de 50% dos votos, um recorde no jovem país. Primeiro chefe de Governo a ir até ao final do mandato desde a independência em 2008, a chegada ao poder marcou uma rutura radical com o passado.
Kurti não parou de desmantelar instituições, como correios e bancos, que a Sérvia mantinha no território do Kosovo, ignorando as críticas internacionais. Através desses escritórios, Belgrado pagava pensões e salários a dezenas de milhares de sérvios, hoje prisioneiros do braço de ferro entre o Kosovo e a Sérvia, que nunca reconheceu a independência da antiga província.
Ao longo dos meses, Kurti permaneceu surdo às críticas das embaixadas e da União Europeia (UE) e continuou a desmantelar o que considerava serem "instrumentos de intimidação, ameaça e controlo".
A oposição a Belgrado está na origem do compromisso político de Kurti, que se tornou famoso na década de 1990 ao organizar manifestações contra a opressão do regime de Slobodan Milosevic em relação à população albanesa do Kosovo.
O ativismo valeu-lhe dois anos de prisão, entre 1999 e 2001, enquanto a guerra se alastrava entre os rebeldes albaneses e Belgrado.
Após a guerra, o Kosovo permaneceu por alguns anos como uma entidade sob proteção da ONU, e Kurti tornou-se um crítico incansável das instituições internacionais.