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Explicador Madeira

Que tipos de alertas vulcânicos existem?

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O vulcão de Santa Bárbara, na ilha Terceira está a ser notícia  devido aos sinais de reactivação do sistema vulcânico. Embora este cenário diga respeito ao arquipélago dos Açores, o tema desperta natural curiosidade também na Madeira, onde, apesar de não existirem vulcões activos, a origem vulcânica é uma evidência geológica incontornável. Logo importará saber como funcionam os sistemas de alerta vulcânica e como as ilhas se preparam para lidar com riscos naturais faz parte da protecção civil.

Comecemos pelo tipo de alertas. E são vários. O nível de alerta do vulcão de Santa Bárbara, na ilha Terceira, nos Açores, voltou, a subir para V3, classificação que indica uma fase de reactivação do sistema vulcânico e que já tinha sido registada no Verão do ano passado.

A actividade sísmica no vulcão de Santa Bárbara tem-se mantido acima dos valores normais de referência desde Junho de 2022, segundo dados divulgados pelas autoridades açorianas.

No mesmo dia em que o nível de alerta voltou a subir, a ilha Terceira registou três sismos com magnitudes de 2.6, 3.8 e 3.6 (do mais antigo para o mais recente), de acordo com a informação disponibilizada no site do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e no CIVISA - Monitorização Sismovulcânica nos Açores.

No entanto, nas últimas semanas também têm sido registados dezenas de sismos no arquipélago vizinho.

Segundo o CIVISA, a escala de alertas vulcânicos varia entre V0 e V7:

  • V0 - Sistema vulcânico em fase de repouso (atividade normal)
    A atividade está dentro dos valores habituais de referência. Ainda assim, podem ocorrer sismos, alterações dos padrões de desgaseificação ou pequenas erupções submarinas sem sinais premonitores detetáveis pelas redes de monitorização existentes;
  • V1 - Sistema vulcânico em fase de equilíbrio metaestável (atividade fraca)
    A atividade apresenta-se ligeiramente acima dos níveis de referência, podendo ter origem tectónica, hidrotermal ou magmática. Há possibilidade de aumento da sismicidade, mudanças no padrão de desgaseificação, instabilidade de vertentes e explosões de vapor;
  • V2 - Sistema vulcânico em fase de instabilidade (atividade moderada)
    A atividade está claramente acima dos valores normais de referência. A qualquer momento a atividade pode intensificar ao nível da sismicidade, podendo também ocorrer explosões de vapor, fluxos de lama (lahars) ou erupções submarinas e subaéreas;
  • V3 - Sistema vulcânico em fase de reativação (atividade elevada)
    A atividade está significativamente acima do normal e há indícios de influência magmática. Este nível pode evoluir para uma fase pré-eruptiva;
  • V4 - Sistema vulcânico em fase pré-eruptiva (atividade muito elevada)
    Atividade a um nível crítico, em que existe uma possibilidade real de erupção. Podem ocorrer explosões de vapor, fluxos de lama e outros fenómenos associados à instabilidade do sistema;
  • V5 - Erupção em curso (fraca a intensa)
    Corresponde a uma erupção magmática ou hidromagmática em curso, que pode variar entre efusiva, de tipo havaiano, com lava fluida e pouca explosividade (VEI 0), até explosiva, de intensidade fraca a intensa (VEI 1 a 3), com erupções capazes de gerar colunas de cinzas e fluxos piroclásticos;
  • V6 - Erupção em curso (catastrófica a cataclísmica)
    Erupção de elevada explosividade, com risco muito elevado e potencial destrutivo significativo;
  • V7 - Erupção em curso (colossal a mega-colossal)
    Representa uma erupção extremamente explosiva e rara, com impacto de larga escala.

Quais os sinais de que uma erupção pode estar iminente?

De acordo com o Instituto de Estudos Geológicos dos Estados Unidos (USGS), a maioria dos vulcões emite sinais de aviso antes de uma erupção. Entre os principais, destacam-se:

  • Aumento da frequência e intensidade dos sismos sentidos na área;
  • Deformação do solo, ou seja, o chão inchando ou elevando, fissuras novas aparecerem ou inclinações detetáveis;
  • Aumento da libertação de gases ou vapor;
  • Alterações térmicas, como o aumento da temperatura de solos;
  • Mudanças na composição e nas proporções dos gases vulcânicos libertados.

O que fazer se um vulcão entrar em erupção?

É fundamental haver preparação tanto antes como durante uma erupção vulcânica.

Antes:

  • Manter em reserva equipamentos essenciais, como rádio portátil com pilhas, lanterna com pilhas sobressalentes, velas, fósforos ou isqueiro;
  • Preparar agasalhos, roupas extras, alimentação para 48 a 72 horas e água potável;
  • Ter os documentos de identificação e uma lista de objetos de valor para levar no caso de evacuação;
  • Identificar os caminhos de evacuação rápida, especialmente para fora de vales, ou para locais elevados e visíveis para possível salvamento aéreo.

Durante:

  • Manter a calma e ajudar os outros a manterem serenidade;
  • Manter-se atualizado através do rádio portátil ou meios oficiais;
  • Seguir rigorosamente as diretrizes das autoridades com exatidão;
  • Estar preparado para a possibilidade de evacuação;
  • Evitar visitar áreas afetadas pela erupção.

Quantos vulcões activos há nos Açores?

Segundo a classificação do Catalogue of the Active Volcanoes of the World (CAVW), é considerado ativo qualquer vulcão ou sistema vulcânico que esteja em erupção ou que possua potencial para voltar a entrar em atividade, incluindo todos os que registaram erupções nos últimos 10 mil anos.

Nos Açores, estão identificados 26 sistemas vulcânicos ativos, dos quais oito são submarinos, lê-se no site do Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Risco (VARAR).