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Madeira

“Não é uma geração mais fraca, é uma geração mais exposta”

A psicóloga Joana Gomes abordou o braço-de-ferro geracional quanto aos padrões sociais rígidos e garantiu que a geração Z não é pouco resiliente e sem espírito de sacrifício como muitos a apelidam

Geração Z: Saúde mental, dificuldade em criar laços, relação com o trabalho e os riscos do digital
Geração Z: Saúde mental, dificuldade em criar laços, relação com o trabalho e os riscos do digital

Ao DIÁRIO-Social, rubrica presente no YouTube, a psicóloga Joana Gomes começou por situar e explicar o que caracteriza as diferentes gerações.

Os ‘boomers’ são as pessoas que nasceram entre 1946 e 1964, seguindo-se a geração X, de 1965 a 1980, os ‘Millennials’ de 1981 a 1996 e, por último, a geração Z, - sobre a qual se debruçou a entrevista - de 1997 a 2010.

Aqui o essencial é que em termos de psicologia, estas diferenças geracionais, podemos pensar que não têm muita relevância, mas são bastante essenciais do ponto de vista em que elas moldam por completo as expectativas de cada geração, as motivações, a forma como comunicam, como se relacionam e como percepcionam o mundo. Joana Gomes, psicóloga

A também conhecida por ‘Gen Z’, segundo Joana Gomes, apresenta maior consciência para assuntos relacionados com saúde mental, mas, no entanto, apresenta mais casos de ansiedade, depressão e 'burnout' precoce.

”Estudos indicam que têm níveis mais elevados de ansiedade e de sintomatologia depressiva, também de stress percebido e de uma ansiedade de performance. Estes níveis mais elevados rondam à volta dos 2010, que coincide com a massificação dos smartphones e das redes sociais”, referiu a psicóloga, enfatizando que ”não se trata de uma geração mais fraca, é uma geração mais exposta daí esta sintomatologia e este sofrimento cada vez mais emergente.”

O problema fulcral, de acordo com a profissional de saúde, é o ritmo estonteante, porque “vivem num contexto muito acelerado a nível digital, o que os faz ter dificuldade em desconectar” e que ainda se junta a uma “era de muita incerteza, muita competição académica e laboral, muita instabilidade social, austeridade, crises políticas, sociais e de saúde.”

Joana Gomes admite que existe um braço-de-ferro entre as diferentes gerações, porque o grupo nascido entre 1996 e 2010, valoriza a autenticidade, flexibilidade e a inclusão, mas  em contrapartida, “as outras gerações moldam-se muito mais pelas tradições e por hierarquias rígidas”.

Fique a saber qual é a relação da geração Z com o trabalho, porque têm dificuldades em criar vínculos profundos e como crescer totalmente integrado na tecnologia pode representar um risco acrescido.