O caos nas urgências
O Governo e os médicos não conseguem entender que o caos nas urgências hospitalares não é por culpa de falta de médicos ou de falta de dinheiro.
O problema das urgências não está, e nunca esteve, nos hospitais, mas sim nos centros de saúde. São os centros de saúde que não funcionam.
Qualquer pessoa que tem uma dor de barriga ou uma simples gripe vai ao centro de saúde para ser vista por um médico e poder tratar-se. E a resposta que o centro de saúde lhe dá é: só tem consulta daqui a duas semanas, ou daqui a três semanas, ou mais.
É claro que uma pessoa doente não vai ficar duas ou três semanas doente à espera de uma consulta médica. Ela quer tratar a sua doença o mais rápido possível. E para isso, só tem duas alternativas: ou paga oitenta ou noventa euros a um médico particular, ou vai às urgências hospitalares.
A pessoa sabe que pode ficar horas no hospital à espera, mas pelo menos sabe que irá ser atendida e vai resolver o seu problema de saúde.
Enquanto o problema dos centros de saúde não for resolvido, o caos das urgências não só irá continuar, como irá ser cada vez pior.
Os centros de saúde têm que ter dois ou três médicos ao longo do dia só para atender qualquer utente desse centro de saúde, sem marcação. Porque uma pessoa doente não pode ficar à espera duas ou três semanas por um médico.
O centro de saúde tem que estar aberto pelo menos até às 23 horas, e não fechar às 19 horas. Todos nós sabemos que é mais a partir das 18 horas, quando as pessoas saem dos empregos, que vão às urgências com os seus familiares.
E os centros de saúde têm que estar abertos aos fins de semana.
O Governo não precisa de fazer grande coisa para acabar com o caos nas urgências nos hospitais. Basta só pôr dois ou três médicos nos centros de saúde que possam atender qualquer paciente a qualquer hora, e ter os centros de saúde mais horas abertos.
Sim, eu acredito que as urgências nos hospitais precisam de muito mais coisas. Mas também acredito que, se os centros de saúde atenderem os seus pacientes sem marcação, mais de noventa e cinco por cento dos doentes não irão parar às urgências.
E o problema está nos centros de saúde, e não nos hospitais.
Ponham os centros de saúde a funcionar e irão ver que o caos nas urgências hospitalares acabará logo.
Edgar B. Silva