Genealogia madeirense
A genealogia é uma ciência histórica fascinante com fragmentos de mistério.
Qualquer pessoa deve ter orgulho nas suas raízes, é um produto dos seus antepassados… Sem complexos.
Os nossos emigrantes e bem valorizam a genealogia, compreende-se.
Existem efetivamente alguns casos de exagero, quando algumas pessoas recorrem a muitas gerações para trás e se vangloriam unicamente de um específico antepassado, ignorando outros. Muitas vezes sem qualquer prova documental!
Também pede-se bom senso obviamente.
Existe o chamado implexo (matemático) que mostra a multiplicação de antepassados.
Temos 2 pais, 4 avós, 8 bisavós, 16 trisavós, (normalmente, se não houver consanguinidade) e assim sucessivamente. E, obviamente quanto mais regredimos, devemos obviamente relativizar.
Mas se aprendemos a história de uma região, país, continente, do mundo, porque não aprender a história da nossa família? Que por sua vez, também é a história de nós mesmos. Do nosso sangue, da nossa linhagem, da nossa genética.
Pormenores que completam o nosso misterioso puzzle pessoal.
Dados que melhor explicam a nossa personalidade.
É um desafio, porque requer resiliência, tempo e dedicação.
Pistas que não tem seguimento, dados em falta, textos às vezes com borrões, caligrafia muito rebuscada, nomes e sobrenomes que se alteraram, fotografias com pessoas “omissas”... São desafios comuns.
Em cada família há documentos históricos que se perdem e que se devem guardar religiosamente: fotografias, cartões, cartas, objetos, etc…Ou então as próprias fontes não materiais como a fonte oral. Que se podem perder para sempre, se não registadas.
Fazer genealogia é como ser um arqueólogo. Escavar até encontrar uma nova “peça” que leva a outra nova “peça” escondida no “poço” do passado, assim sucessivamente.
É viciante e intrigante.
(Re)descobrir primos, tios-avós ou um primo-avô (!) que desconhecemos, que até podem estar numa latitude longínqua. E, as suas “estórias” desconhecidas engraçadas e não engraçadas.
Observar os fenótipos (características físicas): quem é parecido com quem, ou uma característica dominante em algum ramo de família. Ou em termos de personalidade.
A internet veio a simplificar e divulgar muita informação e material genealógico. Tornou-se muito mais prático, pesquisar registos e certidões “online” do que em arquivos e bibliotecas.
A forma rápida e eficaz como certos sites automaticamente completam graficamente a nossa árvore genealógica.
É de lamentar que na nossa região, nunca mais houve investigação genealógica como pelo multifacetado engenheiro Luiz Peter Clode. Que deu o maior contributo à genealogia madeirense alguma vez, sem dúvida alguma.
A genealogia é uma parte da história da Madeira, que continua estranhamente pouco explorada. Uma terra pequena onde sempre se falou muito sobre pessoas e famílias…
Porque também é uma forma de homenagear os nossos antepassados que já pereceram e de deixar algo para as futuras gerações continuar.
A nossa árvore genealógica é uma bela árvore cheia de vida (e de morte), cada um de nós é um ramo dessa árvore que vai deixando cair as suas “folhas” ao longo do mistério da vida.
Porque o que fica é sempre a história! Até porque a vida passa num ápice…
Rodrigo Costa