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Mercado Biológico do Funchal à chuva e ao sol

O PAN esteve na Av. Arriaga por dignidade e melhores condições para os produtores

Guida Gouveia recebeu a visita do PAN.
Guida Gouveia recebeu a visita do PAN., Foto Rui Silva, Aspress

É preciso dar dignidade e melhores condições aos mercadinhos biológicos, particularmente ao que se realiza na Avenida Arriaga, defendeu esta manhã Mónica Freitas, cabeça-de-lista à Câmara Municipal do Funchal pelo PAN - Pessoas - Animais – Natureza, numa acção de campanha que se cruzou com a do Juntos Pelo Povo. A candidata critica o facto de terem retirado as estruturas que permitiam aos produtores trabalharem ali mais protegidos e defende que o município tem também responsabilidade em dar esta resposta.

“Uma Câmara que aposta e que faz durante uma semana inteira divulgação de uma alimentação sustentável, como aconteceu há pouco tempo ali na Placa Central, também deve garantir que um mercadinho como este, que se realiza todas as semanas, tenha de facto a dignidade necessária, não só para mostrar que realmente valorizamos os produtos biológicos, mas como também para incentivar os próprios produtores da importância de realmente manterem este tipo de práticas e poderem realmente estar cá e ter o seu sustento”, argumentou Mónica Freitas. A candidata do PAN começou por lembrar que já quando estava na Assembleia Legislativa Regional colocou um voto de protesto em nome dos produtores do Mercado de Agricultura Biológica do Funchal para terem melhores condições para poderem vender os seus produtos e que antes disponham de estruturas que abrigavam não só do sol como da chuva e que “dava outra dignidade” ao espaço. “Infelizmente foram retiradas e a justificação dada é que não havia pessoal suficiente para montar e desmontar barracas todas as quartas-feiras de manhã. Mas nós achamos que isto deve ser uma responsabilidade da Câmara Municipal do Funchal”, disse, reiterando que o Município tem pessoas e material para o fazer, à semelhança do que faz com outros eventos ao longo do ano. “É aqui uma questão de prioridade e de gestão dos recursos”.

Segundo a cabeça-de-lista, gouve uma reunião sobre o tema com o director regional de Agricultura, nessa altura foi colocada a hipótese de outra solução num espaço junto à zona do Marina Shopping, mas que entretanto nada foi feito, denunciou. Mónica Freitas acredita que com melhores condições, virão mais produtores.

Manuel Temtém é produtor, é agricultor biológico desde 2012, está na lista do PAN à Junta de Freguesia de Santo António, não integra o Mercado Biológico do Funchal. “Não tem havido um aumento muito acentuado de agricultores biológicos, acho que deveria ser a aposta para o futuro, para termos uma agricultura mais sustentável”, defendeu, revelando que se trata de uma forma de cultivar que obriga a mais trabalho manual, mas que também é mais valorizado no momento da venda. “Acaba por compensar, sim, apesar do custo ser mais elevado, mas também os consumidores da agricultura biológica normalmente estão dispostos a pagar um pouco mais porque percebem que isso é um investimento para a sua saúde, para o seu bem-estar e para o bem de todos”.

Guida Gouveia está no Mercado Biológico do Funchal desde 2007, é uma das mais antigas e ali está todas as semanas, só não esteve quando foi mão. Ao todo, os que ali comercializam não chegam a dez, esta manhã estavam cinco, há três mais que costuma estar e que não estavam. “Nunca passa de nove”, revelou, confirmando que a melhoria das condições tem sido a luta dos que ali comercializam os seus produtos.

“É preciso gostar do que se faz”, declarou, “É uma logística muito grande”. E contou que ontem levantou-se às 6h da manhã e trabalhou o dia todo até às 20h para poder preparar a vinda ao mercado hoje. “A agricultura não tem férias”, lembrou. “Eu tinha pessoas efectivas e quiseram ir embora”. Hoje é só Guida Gouveia e os seus 1,2 hectares de terreno no Arco de São Jorge, que lhe dá o que traz ao Funchal para vender. Ser agricultor biológico “não é para ser giro, é trabalho”. Segundo a produtora neste momento é difícil começar, os terrenos estão muito caros. Mas para si, a terra que tem chega. O que precisa, confirmou, é de melhores condições no Mercado porque quando chove, ali fica. “Apanhamos chuva”, respondeu, não conformada.