80% dos enfermeiros em greve paralisam serviços de saúde na Madeira
A greve nacional da Administração Pública regista uma adesão significativa na Madeira, com reflexos particularmente visíveis no Serviço Regional de Saúde, uma das áreas mais afectadas, em que enfrenta vários constrangimentos nos diversos hospitais e centros de saúde.
De acordo com Juan Carvalho, do Sindicato de Enfermeiros da Madeira, a paralisação na Região tem registado, esta manhã, uma adesão perto dos 80%.
Em termos práticos, segundo o responsável, isso significa que, no Hospital dos Marmeleiros, a adesão atinge os 95%, "o que significa que apenas um serviço funciona com enfermeiros em actividade normal". Os restantes estão "em níveis mínimos", e a consulta externa "não tem enfermeiros ao serviço".
Já no Hospital Dr. Nélio Mendonça, "o bloco operatório não realizou a cirurgia programada, e a consulta externa funciona parcialmente, com capacidade muito reduzida". Nas Urgências, o funcionamento é equivalente ao período nocturno, "já que apenas os mínimos estão em actividade".
Nos cuidados primários, "vários centros de saúde não têm enfermeiros", e outros operam com equipas reduzidas devido à ausência dos profissionais.
O responsável sindical adiantou ainda que a expectativa é de que a adesão aumente no período da tarde, podendo chegar aos 85%. "Em muitos centros de saúde, no turno da tarde, apenas um ou dois enfermeiros estariam previstos, e muitos desses profissionais acabam por não comparecer, aumentando o impacto da greve", explicou.
Greve da Administração Pública com "boa adesão" na Madeira
Alexandre Fernandes sublinha que os trabalhadores madeirenses “têm motivos mais do que suficientes” para se manifestar e denuncia tentativas de desmobilização
Juan Carvalho destacou que as principais reivindicações dos enfermeiros combinam questões nacionais e regionais. Entre elas estão a rejeição de alterações à legislação laboral, o reconhecimento do suplemento de risco e penosidade, uma avaliação de desempenho adequada à profissão, a atribuição de pontos, a regularização de dívidas salariais pendentes e o aumento das admissões de enfermeiros na Região.
O sindicato alerta ainda para a insuficiência de profissionais face às necessidades da Região. Actualmente, existem cerca de 2.000 enfermeiros na Madeira, número abaixo dos 2.500 considerados necessários. "Nos últimos dez anos, apenas foram admitidos 510 enfermeiros. Com mais de 400 reformas previstas nos próximos oito anos, é urgente reforçar o quadro profissional", afirmou.
SESARAM alerta para eventuais constrangimentos devido à greve na Função Pública
O Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM) informa que, devido à greve dos trabalhadores da Função Pública, agendada para amanhã, 24 de Outubro, "poderão verificar-se condicionamentos na prestação de alguns serviços dos Cuidados de Saúde Primários e Hospitalares".
Ontem, embora a secretária regional de Saúde e Protecção Civil, Micaela Freitas, tenha afirmado que “na Madeira não há razões para fazer greve”, defendendo que o Governo Regional tem procurado responder às necessidades dos trabalhadores, o certo é que os vários sindicatos apresentam um role de reivindicações à tutela, que “justificam plenamente a adesão à jornada de luta”.