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Livro 'O Feiticeiro da Calheta' poderá dar origem a musical

Projecto da autoria de Pedro Araújo Santos e de Eugénio Perregil pretende ser utilizado como recurso pedagógico

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Fotos ALRAM

O livro de Teatro 'O Feiticeiro da Calheta', da autoria de Pedro Araújo Santos e de Eugénio Perregil, editada pelo Centro de Estudos e Desenvolvimento, Educação, Cultura e Social da Calheta (CEDECSC), foi apresentado esta quarta-feira, 17 de Abril, no Salão Nobre da Assembleia Legislativa da Madeira. 

A obra de teatro surge na sequência do filme e de um livro infanto-juvenil com o mesmo nome, sendo igualmente dedicada à vida e obra do poeta popular madeirense João Gomes de Sousa, autor do famoso Bailinho da Madeira. Ao DIÁRIO, Eugénio Perregil, mentor do projecto e presidente do CEDECSC, explica que a peça de teatro começou a ser preparada com base numa entrevista da própria filha do Feiticeiro da Calheta. 

Um dos autores do projecto pretende agora que a obra de teatro seja utilizada como recurso pedagógico nas escolas da Região, para que os alunos possam representar e conhecer melhor o poeta madeirense, mas também que vá além-fronteiras aos encontro da comunidade madeirense. 

Para o futuro, revelou durante a apresentação da obra, está previsto a concretização de um musical com base na obra: "É assim que as pequenas histórias fazem a memória e a cultura de um povo”.

A obra, com prefácio do actor português Ruy de Carvalho e com ilustração do artista madeirense Rui Soares, foi apresentada pelo actor madeirense Dinarte de Freitas no Parlamento madeirense. Na ocasião, o actor descreveu que a peça dividida em três actos representa uma “obra quase cinematográfica", explicando que João Gomes de Sousa é retratado como “um herói, que apesar da sua condição de pobreza consegue vencer”.

A secretária regional de Inclusão e Juventude, também presente na apresentação, destacou a homenagem “à cultura, às tradições madeirenses e ao poeta popular João Gomes de Sousa” patente no livro, que representa "um precioso contributo para manter viva na memória coletiva histórias como a do poeta popular João Gomes De Sousa".

O presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, por sua vez, referiu que a peça que veio trazer à luz do dia “outros factos da vida de João Gomes Sousa, Feiticeiro da Calheta”.

“É impressionante saber que João Gomes de Sousa era analfabeto e como tinha a capacidade de construir coisas maravilhosas nos seus versos. Podemos mesmo afirmar, que existe profundidade na sua obra”, vincou José Manuel Rodrigues.

“O resgate da memória de João gomes de Sousa é aquilo que podemos considerar uma cultura de memória. Uma cultura de 600 anos de história, que nos distingue de todas as outras histórias e culturas. É a nossa identidade, a nossa madeirensidade", frisou. 

“O Feiticeiro da Calheta contribui para o reforço da nossa identidade cultural”, concluiu

Poeta popular, nascido a 30 de novembro de 1895, numa família numerosa e pobre, João Gomes de Sousa nunca foi à escola e viveu sem saber ler nem escrever. Baseou-se no poder de observação e de memória para compor versos, que depois passaram à escrita por um amigo e pela filha, Maria de Jesus. O Feiticeiro da Calheta compôs versos para participar no concurso da primeira festa das vindimas realizada na cidade do Funchal, em 1938, na qual ganhou o primeiro prémio. É autor da génese da letra e música do famoso Bailinho da Madeira, que se tornou um ex-libris da ilha e que integra o conjunto das Sete Maravilhas da Cultura Popular de Portugal, desde setembro de 2020.

Presentes na apresentação do livro no Parlamento Madeirense estiveram o conselheiro das Comunidades Madeirenses das Ilhas do Canal, João Carlos Nunes, o conselheiro das Comunidades Madeirenses da África do Sul, José Nascimento, o director do Museu da Herança Madeirense de New Bedford (EUA), Steve Duarte, e o cônsul-honorário da África do Sul, Gonçalo Nuno.