Estará Abril ameaçado pelo Populismo, Radicalismo e falta de Ética Democrática?

Desde o 25 de Abril que a nossa jovem e cada vez mais frágil democracia não vivia tempos de tanta incerteza e perigosidade.

A esquerda moderada e radical nunca estiveram tão juntas num esforço de bloqueio de um possível governo de direita.

Ainda que o 25 de Novembro tenha afastado os fantasmas da esquerda radical, vivemos dias em que a Direita Populista e Esquerda Radical espreitam a oportunidade de um Remake português da saga internacional de líderes com idêntico pensamento.

O que parecia como dado adquirido na forma de abordar a política é agora caracterizado por uma certa ignorância atrevida em acreditar que se tem algo de inteligente para dizer. E o mais irónico é que muitos, dos que até parecem ter alguma espécie de literacia política, acreditam nessas palavras banais mas de difícil concretização ou resolução.

Já à esquerda tudo parece concluir na falta de verticalidade e no desrespeito por qualquer força política de centro direita que vença as eleições.

De facto estamos perante uma questão que retira, aos que votam numa possível mudança, qualquer sentido de justiça, já que o seu voto não é suficiente para uma qualquer geringonça que não coloque em causa a liberdade e os princípios que a Constituição da República nos oferece.

A célebre frase “todos nós juntos somos mais fortes” parece fazer sentido logo após um período em que cada um dizia “à boca cheia” que coligações nem vê-las, já havia bastado a experiência anterior.

Estudos indicam que o povo tem má memória, mas neste caso alguns dos partidos políticos e seus intervenientes sofrem hoje de uma “crise de Alzheimer” que lhes afecta quando mais convém e quando lhes “cheira a poder”.

Caminhamos para o fim do Estado Democrático como o conhecemos? Nesta altura que Adelino Amaro da Costa e Sá Carneiro estarão a dar voltas no túmulo olhando para esta situação de ameaça à estabilidade política, urge educar e sensibilizar os cidadãos para uma participação cívica plena.

Estaremos perante um novo Abril silencioso e receoso das potenciais consequências de um novo regime? O tempo dirá.

Até lá cuidemos da nossa jovem Democracia que ainda não saiu dos cuidados intensivos e está ligada à máquina, aguardando que um novo sopro a ressuscite antes que alguém carregue no botão e se apague novamente.

António Pedro de Jesus Nunes de Freitas