DNOTICIAS.PT
Mundo

Violência sexual durante conflitos é tendência "muito perturbadora"

None
Foto AFP

A representante especial da ONU sobre violência sexual em conflitos, Pramilla Patten, aguardada em breve em Israel, denunciou hoje uma tendência "muito perturbadora" do uso deste tipo de violência como uma "arma de guerra invisível, barata e eficaz".

Segundo a responsável, que hoje participou numa conferência em Nice (França), um relatório relativo a 2022 sobre esta temática apresenta um "quadro muito perturbador" sobre como a violência sexual é usada como "tática, tortura, terrorismo ou repressão política" e o documento de 2023, que será debatido em abril, "mostra as mesmas tendências".

Pramilla Patten viaja domingo para Israel para "reunir factos relacionados com as acusações de violência sexual durante o ataque de 07 de outubro", perpetrado pelo grupo islamita palestiniano Hamas. A representante também irá reunir-se com a Autoridade Palestiniana e com diferentes responsáveis na Cisjordânia ocupada.

Nesta deslocação, a responsável será acompanhada por especialistas e deverá encontrar-se com "sobreviventes, testemunhas e outras pessoas afetadas pela violência sexual" e também com "reféns e prisioneiros recentemente libertados", como anunciou a ONU no início de janeiro.

As Nações Unidas têm sido criticadas por reagirem de forma demasiado lenta perante as alegadas violações e atos de violência sexual que Israel acusa o Hamas de ter cometido no ataque de 07 de outubro.

Segundo várias testemunhas -- pessoal dos serviços de emergência e de saúde ou as próprias autoridades israelitas - há muitos casos de vítimas que sofreram abusos sexuais durante o ataque de outubro, no qual militantes do Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas em Israel e levaram mais de 200 reféns para a Faixa de Gaza.

Dos reféns, 110 foram libertados, a maioria -- sobretudo mulheres e crianças -- durante a trégua do final de novembro, que também envolveu a libertação de 240 prisioneiros palestinianos -- mulheres e menores -- das prisões israelitas.

Atualmente, Israel estima que 130 pessoas feitas reféns em 07 de outubro permanecem cativas na Faixa de Gaza.

Isto ocorre num momento em que as famílias dos reféns aumentam a pressão sobre o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, para que o Governo tome medidas eficazes para a libertação dos sequestrados, mesmo que isso envolva um acordo com o Hamas.

Durante o ano passado, Pramilla Patten liderou missões na Ucrânia, Colômbia, República Democrática do Congo, República Centro-Africana e Sudão do Sul.