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A voz do povo

Mais vale errar e daqui a 4 anos mudar de voto do que se abster de dar a opinião e deixar que outros decidem por nós

A 24 de setembro voltamos às urnas para eleger quem queremos a nos representar no Parlamento Regional nos próximos 4 anos. Voltamos a eleger quem será a nossa voz na Assembleia Legislativa Regional.

Nas próximas eleições regionais, os nossos votos serão transformados (ou não) em deputados no máximo de 47 mandatos (deputados). É preciso compreender que não elegemos diretamente o Presidente do Governo. O partido político que mais deputados eleger no Parlamento Regional, é quem formará o próximo governo até 2027.

A 24 de setembro, vamos, por isso, a eleger representantes (deputados) para tomar decisões em nosso nome. Para não se frustrar com a representação política obtida no hemiciclo, é preciso compreender como se transformam os votos em deputados, ou seja, é necessário saber como se aplica o método de Hondt. Ao conhecer as regras de transformação do número de votos em deputados conseguimos melhor decidir a quem dar o nosso voto.

Aplicando as regras matemáticas do método de Hondt, podemos determinar quantos votos foram necessários em cada eleição para eleger um deputado. Aconselha-se a quem pretende compreender melhor o método de Hondt que visualize, por exemplo, o seguinte vídeo no youtube - https://www.youtube.com/watch?v=r5hFLqVsgA0

Nas últimas eleições regionais de 2015, o último deputado a conseguir mandato no Parlamento Regional foi o deputado do PCP-PEV com 2.577 votos. Todos os outros partidos com menos votos não conseguiram fazer-se representar no Parlamento.

À conta desta situação, muitas pessoas estão descrentes sobre o poder do seu voto, considerando que o seu voto de nada vale. Na verdade, o método de Hondt favorece os partidos mais votados e os partidos mais pequenos acabam por não ter representação parlamentar. É preciso compreender que quanto mais partidos pequenos existem, mais se dilui os votos e esses votos acabam por não ser tidos em conta na representação parlamentar. É, pois, preciso saber apostar.

Por vezes, podemos ter preferência por um determinado partido ou candidato, mas o somatório dos votos nesse partido ou candidato pode não atingir o número mínimo de votos para eleger um deputado. É um risco que se tem de avaliar e decidir o que fazer.

Pelo que ouço, muitos já decidiram que nas próximas eleições vão abster-se, ou então, anularão o seu voto. O que estas pessoas precisam entender é que tais decisões de nada valem. A abstenção e a anulação do voto ou voto em branco apenas promovem a continuidade daquilo que não desejam. Precisamos entender que o mandato é por 4 anos e se não concordarmos com o andar da carruagem podemos sempre alterar o rumo tomado a cada 4 anos. Mais vale errar e daqui a 4 anos mudar de voto do que se abster de dar a opinião e deixar que outros decidem por nós. É sempre melhor selecionar um partido por mais pequeno do que abster-se, anular o voto ou votar em branco.

Antevê-se algumas alterações na constituição do novo hemiciclo. Na minha opinião, serão consequência de algumas desilusões sobre vários acontecimentos políticos, nomeadamente sobre a postura de alguns partidos relativamente à guerra na Ucrânia, bem como algumas atitudes dalgumas personalidades políticas e mudança de discurso político. Veremos as consequências destes atos em setembro.

Como em tudo na vida, é preciso estratégia. As regras matemáticas são as que existem. Precisamos decidir quem se encontra em melhor posição para representar a nossa voz no Parlamento e a quem vamos confiar o nosso voto. Quem queremos sentados no Parlamento Regional a defender os nossos direitos? Quem será a voz do povo? Quem queremos a nos representar?