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MNE português insiste que adesão à NATO está fora de questão durante guerra

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Foto ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, insistiu hoje que a adesão da Ucrânia à NATO durante o conflito iniciado com a invasão russa em 2022 está fora de questão, apesar da insistência do homólogo ucraniano.

"Conhecemos essa pretensão da Ucrânia [...], naturalmente todos compreenderão que não é no decurso de uma guerra que podemos falar de novas adesões", disse o chefe da diplomacia portuguesa, em declarações aos jornalistas no final do primeiro dia de reuniões dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Bruxelas, na Bélgica.

O chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, considerou hoje de manhã que a segurança euro-atlântica só é possível com a adesão da Ucrânia à Aliança Atlântica, pressionando os diplomatas dos 31 Estados-membros para o considerarem.

Contudo, o ministro dos Negócios Estrangeiros português explicou que a posição da NATO é unânime quanto a uma adesão ucraniana.

"Não estamos, neste momento, a falar de uma adesão da Ucrânia. O que vai acontecer depois da guerra discutiremos depois da guerra, mas, naturalmente, a Ucrânia necessitará de ter garantias de segurança, como necessitam todos os vizinhos de uma Rússia agressiva", disse Cravinho.

No arranque desta reunião diplomática, que se realiza no mesmo dia em que a Aliança Atlântica completa 74 anos de existência, os Estados-membros discutiram o apoio prestado a Kiev até hoje e o que poderão fazer no futuro.

João Gomes Cravinho explicou que a "abrangência da NATO não inclui material letal", uma vez que o envio, por exemplo, de veículos de combate está dependente de acordos multilaterais com o Governo ucraniano, com tem acontecido desde 24 de fevereiro do ano passado.

O envio de armamento pela NATO para a Ucrânia poderia ser encarado pela Rússia como uma entrada direta na guerra.

A adesão da Ucrânia e a própria ajuda militar por parte da NATO é um assunto sensível, uma vez que pode ser interpretada como uma entrada a Aliança Atlântica no conflito, o que poderia levar uma escalada sem precedentes das tensões com Moscovo e os seus aliados.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.451 civis mortos e 14.156 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.