Desporto

Max Verstappen à conquista de um lugar entre os 'grandes' da Formula 1

Foto EPA/Ali Haider
Foto EPA/Ali Haider

O neerlandês Max Verstappen (Red Bull) parte para a 74.ª edição do Mundial de Fórmula 1, que arranca domingo, no Bahrein, como favorito à revalidação do título de pilotos, podendo juntar-se ao restrito leque de tricampeões.

Depois da polémica primeira conquista em 2021, contra o britânico Lewis Hamilton (Mercedes), Verstappen repetiu o triunfo no campeonato mas com um domínio avassalador, em que bateu o recorde de vitórias numa só época (15, mais duas do que o anterior máximo, dos alemães Michael Schumacher e Sebastian Vettel).

Os testes de pré-temporada deixam antever que a Red Bull é, novamente, o alvo a abater, graças à conceção aerodinâmica trabalhada pelo projetista Adrian Newey, com a Ferrari logo atrás mas, agora, com a companhia da Mercedes, que parece ter resolvido os problemas de trepidação que puseram em causa os resultados da época passada, a primeira em que Hamilton não somou qualquer vitória com a marca germânica.

Também a Aston Martin, que se reforçou com Fernando Alonso, antigo bicampeão mundial (2005 e 2006), deu um salto de qualidade durante o inverno, cotando-se como uma das mais promissoras equipas dos testes de inverno, contando ainda com a experiência do espanhol (42 anos).

Na história do Mundial, 34 pilotos foram campeões ao longo das 73 edições já disputadas, mas apenas 16 conseguiram repetir o feito.

Caso alcance o 'tri', Verstappen, que já é o mais novo campeão de sempre, junta-se a um leque de apenas 10 pilotos que conquistaram três ou mais títulos, todos eles nomes sonantes da modalidade: Michael Schumacher, Lewis Hamilton, Juan Manuel Fangio, Alain Prost, Sebastian Vettel, Jack Brabham, Jackie Stewart, Niki Lauda, Nelson Piquet e Ayrton Senna.

Para além de ter batido o máximo de vitórias numa só época, Verstappen também conquistou o maior número de pontos (454), superando Hamilton (marcou 413, em 2019), para além de ter recuperado de um atraso de 46 pontos para o monegasco Charles Leclerc após as primeiras provas da temporada.

A melhoria da Mercedes abre a porta à possibilidade de Lewis Hamilton bater o maior número de títulos conquistados na modalidade, pois está, atualmente, empatado com Michael Schumacher, ambos com sete consagrações.

O piloto britânico da Mercedes conta com o maior número de vitórias em corridas (103), 'pole positions' (103) e pódios da história da modalidade (191).

Naquele que será o campeonato mais longo de sempre, com 23 corridas (a 24.ª, que esteve a ser negociada por Portugal, acabou por não se confirmar), Max Verstappen pode catapultar-se para o pódio dos mais vitoriosos. Mas, para apanhar Sebastian Vettel, que deixou o campeonato com 53 triunfos, precisa de vencer 18 dos grandes prémios deste ano, mais três do que conseguiu em 2022.

Esses mesmos 18 triunfos permitiriam ao piloto de 25 anos tornar-se no mais dominador numa temporada, ultrapassando os 75 por cento de triunfos conseguido por Alberto Ascari, em 1952, quando venceu seis das oito provas desse ano.

À mão está, ainda, o recorde de vitórias consecutivas, que ainda pertence a Vettel (nove, em 2013). No ano passado, Verstappen chegou às cinco.

Mais difícil de alcançar deverá ser o recorde de maior percentagem de pódios numa mesma temporada, que pertence a Michael Schumacher desde 2002. Nesse ano, o piloto germânico terminou entre os três primeiros em todas as corridas.

O campeonato de 2023 promete ser mais disputado, com mais equipas envolvidas na luta pelos triunfos, numa temporada que distribui mais pontos.

Isto porque haverá este ano seis corridas sprint (mais três do que em 2022), a somar aos 23 GPs previstos.

Campeonato com os mesmos regulamentos mas novos protagonistas

O Campeonato Mundial de Fórmula 1, que arranca no domingo, no Bahrain, tem em 2023 os mesmos regulamentos, mas uma série de novos protagonistas nas equipas.

A cara nova que mais tinta fez correr foi a do australiano Oscar Piastri, que era piloto reserva da Alpine, mas recusou assumir um lugar titular na escuderia francesa, optando por se mudar para a McLaren, onde irá substituir o compatriota Daniel Ricciardo (novo piloto reserva da Red Bull).

Para o lugar deixado vago na Alpine pelo espanhol Fernando Alonso (mudou-se para a Aston Martin a troco de um contrato de dois anos, assumindo o lugar do alemão Sebastian Vettel, que se reformou), foi contratado o francês Pierre Gasly, que assim abriu a porta ao neerlandês Nick de Vries, antigo campeão de Fórmula E, na Alpha Tauri.

Quem também perdeu o lugar na Fórmula 1 foi o alemão Mick Schumacher, filho do antigo campeão mundial Michael Schumacher, despedido da Haas pelos fracos resultados.

Para o seu lugar, a escuderia norte-americana repescou o alemão Nico Hulkenberg, que foi piloto regular até 2019. Em 2020 e 2022 participou em apenas quatro Grandes Prémios, substituindo o mexicano Sérgio Pérez e o alemão Sebastian Vettel, na Aston Martin, quando os dois testaram positivo à covid-19.

Por fim, a Williams contratou o norte-americano Logan Sargeant para a vaga do canadiano Nicholas Latifi.

Red Bull, Ferrari, Mercedes e Alfa Romeo mantiveram os seus pilotos inalterados. Mas fizeram outras mudanças, nos gabinetes.

Os erros estratégicos cometidos em 2022 custaram o lugar ao italiano Mattia Binotto como diretor da Ferrari, substituído pelo francês Frédéric Vasseur, que transitou da Alfa Romeo, onde foi substituído pelo italiano Alessandro Alunni Bravi.

A Williams, que no ano passado foi a equipa mais fraca do pelotão, trocou Jost Capito pelo britânico James Vowles.

Depois de um ano de alterações regulamentares, as equipas estão, até 2026, impedidas de evoluir os motores dos seus monolugares, salvo para resolver problemas de fiabilidade. Isso permitiu à Ferrari recuperar a potência de que teve de prescindir em 2022 quando os propulsores não aguentavam as corridas, limitando o desempenho dos seus carros e perdendo gás na luta pelo título. Ganhou rapidez em reta, apesar de ter perdido um pouco de agilidade em curva.

Já a Mercedes concentrou-se em acabar com a trepidação sentida nas retas, que afetava a pilotagem e a velocidade de ponta.

A Red Bull, que dominou as operações de 2022 com 17 vitórias (15 de Verstappen e duas de Sérgio Pérez), aprimorou a aerodinâmica, sobretudo o fundo plano, que proporciona maior aderência ao asfalto.

O campeonato deste ano começa com apenas três pilotos que sabem o que é ser campeão (Max Verstappen, Lewis Hamilton e Fernando Alonso), depois da saída de Sebastian Vettel.

Este será o calendário mais longo, com 23 corridas programadas, o que vai a obrigar as equipas a terem duas equipas de logística, para conseguir responder a todos os compromissos. Inicialmente estavam previstas 24, mas o GP da China voltou a sair do calendário devido aos efeitos da pandemia de covid-19. Assim, a única estreia no campeonato será a do GP de Las Vegas, num circuito citadino, que confirma a aposta no mercado americano, que terá três corridas (Las Vegas, Miami e Austin).

O GP de Portugal chegou a estar na calha para substituir a corrida asiática, mas o regresso da F1 ao Algarve acabou por não se consumar.

As corridas sprint, limitadas a 100 quilómetros e que se disputam sábado, para definir a grelha de partida da corrida principal, no domingo, evoluíram de três para seis (Azerbaijão, Áustria, Bélgica, Qatar, Américas e Brasil).

O campeonato arranca no domingo, com 20 pilotos e 10 equipas, no Bahrain, e termina a 26 de novembro, em Abu Dhabi.