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China ameaça retaliar se líder de Taiwan se reunir com presidente do Congresso dos EUA

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A China ameaçou hoje adotar "contramedidas resolutas", caso a líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, se reúna com o presidente da Câmara dos Representantes do Congresso dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, no Estado norte-americano da Califórnia.

A porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado chinês, Zhu Fenglian, denunciou em conferência de imprensa o plano de Tsai de fazer escala nos Estados Unidos, a caminho de um périplo pelos aliados diplomáticos de Taipé na América Central, e exigiu que nenhuma autoridade norte-americana se reúna com ela.

"Opomo-nos firmemente a [um encontro] e vamos tomar contramedidas resolutas caso isso aconteça", disse Zhu.

Os EUA devem "abster-se de organizar visitas durante o trânsito de Tsai Ing-wen e até mesmo o contacto com autoridades norte-americanas, e tomar ações concretas no âmbito do compromisso de não apoiarem a independência de Taiwan", afirmou a porta-voz.

As visitas feitas durante as escalas realizadas nos Estados Unidos, nas viagens internacionais mais amplas dos líderes de Taiwan, são há muitos anos habituais, defenderam altos funcionários dos EUA anteriormente.

Durante estas visitas não oficiais, Tsai reuniu já com membros do Congresso e da diáspora taiwanesa e foi recebida pelo presidente do Instituto Americano em Taiwan, organização sem fins lucrativos administrada pelo governo dos EUA, que mantém relações não oficiais com Taipé.

Tsai enquadrou a sua viagem como uma oportunidade para mostrar o compromisso de Taiwan com os valores democráticos no cenário mundial.

"Quero dizer ao mundo todo que uma Taiwan democrática vai proteger resolutamente os valores da liberdade e da democracia e continuar a ser uma força para o bem no mundo", disse a líder taiwanesa, antes de embarcar no avião presidencial. "A pressão externa não nos vai impedir de dialogar com o mundo", afirmou.

Tsai deve fazer escala em Nova Iorque, em 30 de março, antes de seguir para a Guatemala e Belize. Em 05 de abril, deverá estar em Los Angeles, no caminho de volta para Taiwan, e reunir-se ali com McCarthy.

A reunião planeada com McCarthy acontecerá num período de atritos crescentes entre Pequim e Washington, que continua a ser o principal aliado e fornecedor de armas de Taiwan.

Nos últimos anos, as incursões de jatos da Força Aérea chinesa no espaço aéreo de Taiwan intensificaram-se e, após a ex-presidente da Câmara dos Representantes norte-americana, Nancy Pelosi, se deslocar a Taiwan - a visita de mais alto nível realizada pelos Estados Unidos à ilha em 25 anos -, em agosto passado, Pequim lançou exercícios militares numa escala sem precedentes, que incluíram o lançamento de mísseis e o uso de fogo real.

China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso Taipé declare formalmente a independência.

McCarthy disse que se encontraria com Tsai quando ela estiver nos EUA e não descartou a possibilidade de visitar Taiwan, numa demonstração de apoio.

Pequim vê o contacto oficial entre os EUA e Taiwan como um incentivo para tornar permanente a independência de facto da ilha, algo que os líderes dos EUA dizem não apoiar.