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Câmara de Comércio no Reino Unido alerta para desinformação criada por fim dos vistos 'gold'

Foto DR/Linkedin
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A diretora da Câmara de Comércio Portuguesa no Reino Unido, Christina Hippisley, afirma que o anunciado fim dos vistos 'gold' está a criar desinformação sobre a possibilidade de os britânicos comprarem casa e pedirem residência em Portugal.

"Estamos a ter de corrigir muita desinformação porque as pessoas pensam que o fim dos vistos 'gold' significa o fim dos vistos em geral. Claro que isso não é verdade", disse a responsável à Agência Lusa.

Hippisley recordou que "os vistos 'gold' eram apenas uma de várias opções diferentes que as pessoas tinham" e que "sempre existiram opções de visto [de residência] fáceis".

Para além da Autorização de Residência para Investimento (ARI), mais conhecida como visto 'gold', existem vistos para nómadas digitais, vistos para empreendedores e vistos para fixação de residência de reformados ou pessoas que vivam de rendimentos, além de vistos para trabalho, estudo ou reagrupamento familiar. 

Os candidatos precisam de preencher os requisitos exigidos por cada um destes vistos, os quais concedem residência em Portugal por diferentes períodos.

"Todas as opções implicam viver ou estar lá [em Portugal] uma grande parte do ano, ou pelo menos ter a sua base mundial em Portugal, mesmo que não estejam lá grande parte do tempo. O que não podem é estar simplesmente no Reino Unido", explicou Hippisley.

A diretora da Câmara de Comércio Portuguesa no Reino Unido [Portuguese Chamber of Commerce in the UK] falava à Lusa a propósito do evento "Moving to Portugal Show & Seminars" que realiza na quarta-feira em Londres, o qual promove desde 2016. 

Este evento reúne promotores e agentes imobiliários e outros prestadores de serviços que disponibilizam informação sobre as condições em termos de vistos, residência, investimento, impostos, emprego, educação e cuidados de saúde em Portugal na forma de apresentações e painéis de discussão.

Para esta edição estão registadas 442 pessoas, mais 28% do que no ano passado, tendo a maioria entre 50 e 60 anos, adiantou a Câmara de Comércio. 

Mais de metade (52%) disse estar interessada em investir em imobiliário, mas as restantes querem informar-se sobre vistos, regimes fiscais e pensões de reforma.

Os vistos 'gold' começaram a atrair interesse dos britânicos desde 2016, quando o referendo do 'Brexit' determinou a saída do Reino Unido da União Europeia, terminando a livre circulação de pessoas. 

O Governo português anunciou em fevereiro que decidiu pôr fim às Autorizações de Residência para Investimento, conhecidas como vistos 'gold', como uma das medidas para combater a especulação imobiliária. 

Os vistos 'gold' foram criados em 2012 durante o Governo liderado por Pedro Passos Coelho com o objetivo de captar recursos e investidores estrangeiros para o país.

De acordo com dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Portugal atribuiu 11.628 vistos 'gold' em 10 anos, a maioria a cidadãos da China (5.258), Brasil (1.178), Estados Unidos (558), Turquia (547) e África do Sul (508).

Neste período foram investidos cerca de seis mil milhões de euros para aquisição de bens imóveis, o que permitiu que através da compra de uma casa 10.668 estrangeiros adquirissem uma Autorizações de Residência para Investimento.

Entre outubro de 2012 e janeiro deste ano, 938 estrangeiros conseguiram um visto 'dourado' em Portugal através de transferências de dinheiro e 22 com a criação de postos de trabalho.

A comunidade britânica é, atualmente, a segunda nacionalidade estrangeira com maior presença em Portugal, com cerca de 45.000 residentes, a seguir à brasileira, que tem mais de 200.000.